Canela,

17 de abril de 2024

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Momento de resistência: qual o impacto do coronavírus na economia local?

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Passadas duas semanas do início da pandemia de Covid-19, comércio já teve mais de mil demissões em Canela e Gramado

Embora se trate de um problema de saúde global, a proliferação do coronavírus deve impactar significativamente as empresas, tendo em vista que, como as pessoas evitam sair às ruas, menos vendas são realizadas.

Com a determinação de isolamento social e quarentena, as empresas de menor porte tendem a ser as mais afetadas. Assim como o turismo, principal segmento econômico da região.

A grande discussão que tomou o Brasil nos últimos dias é “empregos x vidas”. Em nenhum dos campos, se tem um panorama exato do que acontecerá no futuro próximo, nem de como o novo coronavírus vai se alastrar pelas cidades, nem do tamanho do prejuízo econômico.

No campo da saúde, se informa diariamente o número de casos que testaram positivamente para Covid-19 e a população decora números de leitos de UTI e respiradores, comparando com habitantes de cada cidade.

Quem são as empresas canelenses e o que representam na economia da cidade?

O grande remédio para conter a pandemia, segundo a ciência, é o isolamento social, principal argumento de Governador Eduardo Leite ao decretar o fechamento do comércio de todo o Rio Grande do Sul, nesta quarta (01). Pesou, também, a percepção de que poderia haver uma liberação precipitada, colocando a perder os cuidados adotados até agora. Até a quarta (01), eram 316 registros da doença em 53 municípios  — 26 a mais em relação a segunda-feira (30), com cinco óbitos decorrentes de Covid-19 em terras gaúchas.

Por outro lado, o decreto estadual que restringiu atividades econômicas até 15 de abril agradou prefeitos de grandes cidades e desagradou os das pequenas, levando empresários ao desespero.

No campo econômico, a população se divide entre os que querem voltar a trabalhar e os que defendem que o isolamento é necessário. Os governos federal e estadual têm sido lentos em apresentar medidas eficazes para combater demissões em massa e o horizonte mostra que além do sistema de saúde, a segurança e a economia também podem entrar em colapso.

Turismo: ficar bem para voltar bem

A reportagem da Folha foi a campo para tentar retratar em números o efeito do Covid-19 nas empresas e empregados de Canela. Os dados são aproximados, mas podem dar uma ideia do tamanho deste impacto.

O pequeno empresário vai sofrer mais

O presidente do SECHSC (Sindicato dos Empregados no Comércio Hoteleiro e Similares de Canela), Enedir Barreto, disse que, neste momento, foram poucas as demissões em Canela, graças ao acordo coletivo que permitiu férias coletivas e uso de banco de horas para que os colaboradores permaneçam em casa.

Segundo Barreto, o SECHSC possui cerca de 700 associados na cidade e 1.500 na região. Dentre os empregadores, o sindicato estima que 85% são empresas com no máximo quatro empregados.

“Torcemos para que este momento passe logo. Se esta situação se estender por mais de dois meses, muito empresário vai ficar pelo caminho e, aí sim, teremos muitas demissões. O pequeno empresário é o que está mais sofrendo com esta situação”, finalizou.

Parques e atrativos também sofrem

Para o presidente do Sindicato dos Empregados em Turismo e Hospitalidade de Canela, Luciano Hoff, serão cerca de seis meses de estagnação no turismo, o que vai prejudicar muito o setor que ele representa, trabalhadores de parques, atrativos turísticos, salões de beleza e lavanderias.

As empresas destas categorias empregam cerca de quatro mil pessoas em Canela e Gramado. Hoff estima que 25% sejam empreendimentos com até quatro empregados e outros 25 com até 2o colaboradores.

Estamos fazendo o máximo para um acordo que garanta a estabilidade dos empregos até dezembro, mas acreditamos que passaremos por um momento bem difícil”, finaliza Hoff.

Comerciários são os mais atingidos

O presidente do Sindicomerciários da Região das Hortênsias, Clério Sander, que reúne quatro mil empregados em Canela e Gramado diz que a categoria foi a mais atingida, neste momento.

Dentro o comércio, 60% dos empregos  são gerados por negócios que têm até quatro funcionários, esses são os que tem menos condições de enfrentar esta crise”, disse Sander.

Até o fechamento desta edição, o Sindicomerciários estimava que cerca de mil trabalhadores já haviam sido demitidos em razão da pandemia.