Canela,

27 de julho de 2024

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Gramado in Concert: Olinda Allessandrini apresenta seu caleidoscópio musical

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Fotos: Rafael Cavalli

A pianista tocou Alberto Nepomuceno, Arturo Márquez, Astor Piazolla e Villa-Lobos no segundo dia de evento

VEJA TAMBÉM: VII Gramado in Concert inicia com público presencial e online

Do barroco ao contemporâneo, em obras para concertos solo, de câmara ou orquestra. Considerada uma das mais renomadas pianistas brasileiras, Olinda Allessandrini apresentou no domingo (4) um recital com repertório formado por compositores do Brasil, Argentina e México no Gramado In Concert.

Em oito canções, compostas por Alberto Nepomuceno, Arturo Márquez, Astor Piazolla e Villa-Lobos, Olinda ofereceu ao público as raízes culturais dos três países e como elas transparecem através da sua música. Em entrevista à Danúbia Schaulet antes da apresentação, a pianista comentou sobre a importância do evento Gramado In Concert, sendo o primeiro evento de música clássica do Brasil, retomar, já em seu formato híbrido, permitindo que o público o assista presencialmente e também de forma online devido à pandemia de Coronavírus.

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Olinda acredita ser este um período em que as coisas estão finalmente retomando, o que traz esperança para todas as pessoas que trabalham com cultura e que foram afetadas com a paralisação das atividades. Ela explica o que mudou na sua rotina com a pandemia e a adaptação de seu trabalho:

Durante a pandemia eu fiz várias gravações online e continuei dando cursos. Eu dou cursos no Instituto Ling, continuei dando esses cursos em formato online. Também, participei de vários eventos em cidades menores, cidades do interior do Rio Grande do Sul, aonde também os concertos ou eram lives sem público ou eram gravações já prontas. Eu acho que a gente vai conseguindo superar esses momentos“.

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Dona de um currículo extenso e de apresentações em diversos países, a pianista, que participa do Gramado In Concert desde 2017, diz que sua participação virou algo automático e que sua experiência na coordenação de música de câmara contribui para a organização do evento no sentido de auxiliar e compartilhar com os colegas músicos as dificuldades e também as alegrias. Diferentemente dos anos anteriores, é a primeira vez que o evento acontece no inverno, o que para Olinda agrega ainda mais público:

Agora a gente tem esse friozinho de Serra e com a possibilidade de ser online, as pessoas podem ficar na frente da lareira, comendo uma pipoca, de pantufa, tomando o chimarrão, assistindo o concerto. O inverno propicia essa ideia de aconchego, essa ideia de intimismo e é isso que esse festival está proporcionando este ano“.

REPERTÓRIO ESPECIAL

No recital criado especialmente para o Gramado In Concert, Olinda contou que usou muito da sua dedicação à música brasileira através de suas pesquisas e seleções de repertório, descobertas e garimpagem de compositores não muito conhecidos para escolher as músicas a serem tocadas.

Eu escolhi três grandes nomes: Villa-Lobos, sem sombra de dúvidas nosso maior compositor, Camargo Guarnieri, um compositor muito interessante e muito acadêmico, muito elaborativo na sua música e Alberto Nepomuceno que vai iniciar o concerto com “Ária”, em homenagem aos familiares, às pessoas que perderam familiares, que perderam amigos, que perderam colegas pela Covid“. Ela comenta que em todas as noites do evento será feita uma homenagem, não só às famílias enlutadas, mas também àqueles que trabalham nas linhas de frente, nos hospitais, os que pegam ônibus ou trem para ir trabalhar e para a vida continuar na medida do possível.

É importante lembrar que existe uma homenagem e a música não só aquece a alma, mas também é um bálsamo. A música é também um poder curativo para a alma“. 

Quanto à escolha por compositores latino-americanos, ela conta que eles têm muita música linda, além de compositores eruditos que se baseiam nas danças locais, nos costumes locais, o que enriquece muito o repertório.

Nesse concerto de hoje eu incluí uma peça de um mexicano, que é um Danzón muito lindo e também uma homenagem ao Astor Piazolla, o grande compositor argentino que revolucionou o tango e que este ano estaria completando seus cem anos de nascimento. Eu vou tocar “Adiós Nonino”, que é um tango conhecidíssimo e bastante expressivo“.

A escolha do repertório a ser apresentado no Gramado In Concert não foi tarefa simples para a pianista. Ela explica que a cada novo trabalho sempre procura ter uma linha de ação, como agora são brasileiros e latino-americanos e adianta: “Vai ter uma noite em que a gente vai celebrar as efemérides, todos os aniversários com final vinte e um ou nascimento ou morte em anos redondos. Então terá assim, 280 anos de um, 100 anos de falecimento de outro, 100 anos de nascimento, vai ser um programa bem bonito. E claro, o mais interessante sempre são a formação de grupos onde os instrumentos conversam uns com os outros. Porque a música não deixa de ser uma linguagem. A música fala com a gente“.

Tendo participado de diversos festivais de piano pelo mundo como o ‘Festival de Piano de Heidelberg’, da Alemanha e até mesmo tendo seu trabalho reconhecido e premiado, Olinda destaca o diferencial do Gramado In Concert:

No Gramado In Concert, nesse formato de festival, os quatorze professores e os dois pianistas vão conviver todos os dias. Então, esse convívio nos faz crescer e trocar muitas ideias e experiências e o mais importante: fazer música em conjunto. Isso é como se fosse uma comunidade musical e isso encanta a todos nós“.

INSPIRAÇÃO

Em sua trajetória, Olinda Allessandrini possui diversos trabalhos dedicados às obras de Villa-Lobos, Radamés e Chiquinha Gonzaga. Para ela, cada um desses compositores deixa um legado, algo importante de ser estudado e seguido por quem dedica a vida à música.

Se a gente não usufruir disso, essas partituras, essas folhas de papel vão ficar dentro de gavetas, mudas, inertes. O artista, o músico é quem vai fazer isso ganhar vida“, afirma.

No caso de Chiquinha Gonzaga, uma de suas maiores inspirações, ela acredita que é um exemplo para todas as mulheres por ter sido pioneira em diversas áreas, como sendo a primeira maestrina, sendo compositora, professora e inclusive tocando em bares à noite e compondo operetas, algo que ia contra os padrões da época.

Ela foi muito autêntica porque com 29 anos ela já tinha tido dois ex-maridos, isso em 1877. Quer dizer, isso não existia. Ela tinha dois ex-maridos e já tinha quatro filhos. Ela passou a arregaçar as mangas e lutar pela sobrevivência e levar uma vida digna e criando muita música“.

GRAMADENSE DE CORAÇÃO

Natural de Caxias, Olinda Allessandrini é gramadense de coração. Isso porque, ela participa ativamente das atividades artísticas da cidade, é membro da Academia Gramadense de Letras e Artes e diz se sentir sempre muito bem-vinda.

Agora teve uma campanha para doação de alimentos para as pessoas que trabalham com arte e que estavam precisando realmente de alguma ajuda. Então, a Academia doou quase 400kg de alimentos para essa campanha e eu faço parte de tudo isso. E aqui em Gramado, nos festivais eu sempre me sinto muito bem-vinda. O público é super carinhoso, super caloroso e existe sempre uma empatia muito grande“, elogia.

INGRESSOS PRESENCIAIS:

As trocas de alimentos devem ser feitas diretamente na Rua São Pedro, 185, no bairro Centro, em Gramado. Das 9 horas (da manhã) às 17h (fechando ao meio dia), de segunda a sexta-feira. Mais informações no telefone 3286.7343 ou 3286.2002.

ASSISTA O EVENTO ONLINE E GRATUITAMENTE:

Siga e acompanhe as redes sociais do VII Gramado in Concert, ali estão todas as informações sobre programação e horários. Acesse o canal no YouTube da edição para acompanhar as apresentações de onde quiseres.

Mais informações e programação completa: www.gramadoinconcert.com.br