Canela,

27 de julho de 2024

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Ruibarbo: a inusitada planta que ganha espaço em São Francisco de Paula

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Fazenda da Cria é a primeira produtora em larga escala da hortaliça no Brasil

A família Martini Muller não brinca em serviço quando o assunto é inovar. O patriarca da família, Sadi Erno Noer Muller, foi o primeiro produtor de alho poró do Brasil e há 20 anos escoa toda sua produção, que inclui 12 hortigranjeiros, para a rede Zaffari de Supermercados. Agora, a família alça mais um voo ousado: se tornou a primeira produtora em larga escala de ruibarbo, uma planta inédita no país. O ingrediente inusitado, comum no norte da Europa, já virou torta, bolo, geleia e cerveja e faz sucesso em São Francisco de Paula.

A relação da família com o ingrediente é antiga e remonta a vinda deles para a cidade, saídos do Rincão dos Kroeff, distrito pequeno de São Chico. Isaura Martini Muller, filha de Sadi e Clarice, conta que tudo começou com a aproximação com uma vizinha, descendente de alemães, que costumeiramente fazia a tradicional “torta de ruibarbo” em aniversários e festas. A receita era secreta e a muda, vinda de navio para o Brasil, também era exclusividade da família. “A muda de ruibarbo só chegou na nossa família quando essa vizinha, já idosa, estava se mudando para um asilo. Como forma de manter a tradição ela nos deu a receita da torta secreta e uma muda da planta, que mais tarde morreu. Desde então procurávamos sementes em todos os lugares, mas sem sucesso”, conta Isaura.

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Recentemente e ao acaso, a família encontrou as sementes de ruibarbo e não perdeu a oportunidade de resgatar essa história afetiva. No momento, chegou a comprar todo o estoque disponível e hoje importa a semente que deu vida a 20 mil pés da planta. Seu Sadi, aos 70 anos, e ainda com a mesma visão que o tornou o primeiro produtor de alho poró do país, foi quem acreditou no novo negócio e envolveu toda a família no projeto.

O ruibarbo produzido pela Fazenda da Cria já pode ser encontrado na Ceasa, em Porto Alegre, mas a família Martini Muller também está se aventurando através de chefes de cozinha que descobriram a produção pelo instagram. Usando a hashtag “ruibarbo” na rede social, os amantes da planta conseguem se conectar e trocar, inclusive, receitas tradicionais. O ruibarbo de São Francisco de Paula já foi parar até na mesa de um diplomata norueguês. A família agora trabalha para tornar o ingrediente conhecido e popular. 

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O ruibarbo tem sabor ácido e levemente adocicado. Na cozinha, se usa apenas o caule da planta, sendo as folhas tóxicas para os seres humanos. Muito comum no norte da Europa, a planta é utilizada amplamente para fins medicinais pois possui um poderoso efeito estimulante e digestivo, utilizado principalmente no tratamento da prisão de ventre, devido à sua composição rica em senosídeos, que proporcionam um efeito laxante.