Coluna de opinião de Léo de Abreu
Vem chegando o 20 de setembro! Mas o que comemorar? Celebrar o que? Pois que a resposta sempre e sempre seja “quem somos”. Antes de se falar em tradição, na guerra ou em pilchas.
Quem, é daqui, e não celebra o vinte de setembro não entendeu ou aprendeu sobre a história de si mesmo. Quem somente celebra a guerra, com seletos heróis, também não.
Deveria ser obrigação todos saberem sobre a Batalha de Porongos, mas também a de Seival. Todos deveriam lembrar do índio assassinado para que fossemos “civilizados”. Mas saber que a resistência e valores deles também são no 20 celebrados. Todos deveriam saber que o gaúcho foi um vagabundo e um soldado raso de guerras, foi o renegado… mas deveriam entender que o maior requinte de hoje, é se vestir e “ser” o gaúcho. Isso não diz nada?
Não celebrar a tal data do gaúcho faria toda nossa história ser em vão. Seria dar as costas para quem deu a vida em causas e de quem as vidas foram tomadas. Seria abrir mão de nossa herança maior que é de fato ser quem somos. Então, sem receio algum, que sejamos capazes de olhar para nossa tradição com carinho e o respeito merecido. Trago aqui, concluindo, versos feitos em 2015 na gaúcha cidade de Jaguari durante um festival que nos instigou pensar sobre “as faces da coragem” e que acredito refletir um sentimento comum por esses dias de setembro tão representativos a nós rio-grandenses.
“(…)
Quem tem um chão amado pra chamar de seu
Traz por regalo uma essência que não quebra
Fincando raízes e mesmo por vezes distantes
Traz no coração a altivez das mangueiras de pedra
Enquanto ecoar o canto de um quero-quero
Num fundo de campo, onde o gado berra
Levaremos por diante o grito de um “Era era”
Pois como disse o índio: tem dono essa terra.”
(Ainda Somos Rio Grande – Léo de Abreu, primavera de 2015)
Um feliz 20 de setembro. Viva e obrigado Rio Grande do Sul.