Canela,

3 de julho de 2024

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Leo de Abreu

VIRE O MATE

Leo de Abreu

VIRE O MATE #003

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CTG é: Centro de tradições gaúchas. PTG, um piquete. Também há grupos denominados piquetes, que são entidades com filiados para fins como provas de artística e campeira em eventos do MTG (Movimento das Tradições Gaúchas) que é o que rege num geral a tradição no estado.
Nas cidades pequenas, em sua maioria, há CTG’s que tomam a frente, por sua história no quesito tradicionalismo na localidade A ver em Canela o Querência e na vizinha cidade Gramado, o Manotaço. São estas entidades, muitas vezes, a casa da tradição do seu município. Bueno, dito isso, facilmente se associa o rodeio, bailes e semana farroupilha as primeiras lembranças quando tocado no assunto, e consequentemente se imagina ali, ser onde mora a tradição.
Em teoria, as sedes das entidades e associações de cunho tradicionalista deveriam promover durante os doze meses do ano, atividades que abraçassem a todos com o que há de nativo, mas sabemos que muitas vezes não é assim. Bem ainda na teoria, manifestações culturais que divagassem do tema campeiro, e ainda mais sério, fossem de encontro aos princípios mais rigorosos destas casas não deveriam acontecer dentro das suas paredes. São lindas teorias.
Mas por todo estado do Rio Grande, eventos de todo tipo se passam por ali deixando o gauchismo espiando pelas frestas mal e mal. Por ser um tema que particularmente, este que escreve, tem muito interesse, nos últimos tempos estive buscando diálogo e entender com pessoas ligadas as cúpulas de patronagem de diversas cidades e não só as nossas aqui sobre o porquê de eventos tão vagos de casa cheia e poucos promovidos com a bandeira da tradição.
A resposta parece pronta e a cada conversa ainda mais óbvia: não há público, não movimenta renda e tudo demanda plata. Que coisa hein! “Que faca de dois ligumi”. Se, por exemplo, o “gaúcho” não dá nem porta nem copa para engordar um caixinha do lugar de tradição devido ao baixo público interessado, de quem ainda é a responsabilidade de fomentar a tradição a nível regional? Voltamos, até onde o causo de “não fizemos porque não dá grana” é válido… se o modismo faz com que nossa tradição aconteça, vale a pena rever olhares para que de fato ela se expanda sem medo algum pois nossa cultura é rica e história forte, mas “entregar os tacos” pra não sucumbir não pode ser a solução de forma alguma. Tenho certeza de que administrações de lugares assim são um osso bem mais duro que escrever palavras e uma coluna de jornal, mas também sou um tradicionalista.
Eu também, embora tenha vivencia diária neste meio, tenho por referencia muitos salões como a casa da tradição. Para onde devo correr quando quiser ouvir uma cordeona junto a um violão ainda gaúcho e terrunho? Onde devo dizer para um mais jovem, que em determinado lugar, vai encontrar gente que gosta do que é da gente? Todos nós somos como um pedacinho de costaneira de um galpão de um CTG, porém, é preciso reconhecer em um âmbito geral, estamos malechos em nossas casas de tradições para o tamanho de estado que temos!

INDUMENTÁRIA GAÚCHA de Otávio Peixoto de Melo (2010)