Canela,

26 de julho de 2024

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Amor de mães: Mãe é tão bom que Deus me deu duas

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Foto: @maiarapaganotto

Conheça Vicente, primeiro bebê canelense com registro de duas mães na certidão de nascimento

Muitos casais têm o sonho de ter um filho para complementar a união e transbordar ainda mais amor. Essa foi a situação que Luana de Oliveira da Cunha, de 26 anos e Pâmela Jênifer Pereira, de 29 anos se encontraram após 12 anos de relacionamento e decidiram conceber o Vicente, que nasceu no dia 03 de janeiro, às 19h03min com peso de 3,900kg e medindo 48,5cm.

Desde o início da história de Luana e Pâmela, ter filhos foi uma pauta importante para elas, mas em 2021, depois de perdas familiares de Luana, o casal sentiu aflorar a vontade de serem mães e começaram o processo de Fertilização In vitro. Foram usados os óvulos de Pâmela, um doador do banco de sêmen Pro-Seed, de São Paulo, e Luana gestou o óvulo fecundado, “para que assim, Vicente tivesse a genética de ambas”.

Todo o processo foi feito escondido, pois elas sentiam medo de não dar certo, frustrando a si mesmas e às pessoas ao redor. Apenas depois de três meses de gestação, o casal anunciou para a família e amigos mais próximos, através dessa foto:

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Vicente está acolhido por um lugar de muito amor, onde não existe espaço para o preconceito. A família apoia e admira a coragem do casal de ser quem são e das decisões que tomam. Além disso, Vicente é o primeiro neto e sobrinho do lado de Pâmela, estão todos babando no fruto desse amor tão forte e genuíno.

O único problema que tiveram até agora, por serem duas mães, foi para registrar a certidão de nascimento do filho. O que geralmente é feito em menos de cinco minutos, demorou nove dias para chegar até elas. “Tinha uma adolescente registrando uma criança sem o pai, porque ela não sabia quem era. Dois minutos, ela estava com o registro na mão, nós levamos 9 dias”, relata Luana.

Por ser o primeiro caso em Canela, o registro só foi permitido depois que a clínica em que foi realizada a inseminação e o médico de reprodução humana fizeram um documento reconhecido em cartório.

Elas sabem que, futuramente, ainda haverá alguns obstáculos, como, dia dos pais na escola ou até mesmo quando o próprio Vicente perguntar, porém, o preconceito não tem espaço na vida delas. “Já evoluímos muito, as pessoas já compreendem mais famílias como a nossa, mas ainda temos muito a evoluir. Mas estamos preparadas. São 12 anos de amor para que possamos transferir isso para ele”, reforça Luana.

“Sempre que nos perguntam quem é a mãe, respondemos com um sorriso largo, nós duas somos as mães”, diz Luana. Segundo dados da Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen), em estudo realizado entre 2016 e 2021, de 6 milhões de nascimentos no país, 859,3 mil foram registrados sem o nome do pai, isso equivale a 5,33% dos nascidos. Para ilustrar melhor, significa que, por dia, 470 crianças foram registradas sem conhecimento do pai, em média.

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Mesmo com esses dados revoltantes, ainda há dificuldade quando um casal homo afetivo tenta o registro, precisando provar e comprovar de todas as formas.

“Ninguém enfrenta uma mãe, e quem se atreveria com duas, não é mesmo?”. Finaliza Luana.