Canela,

3 de julho de 2024

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Leo de Abreu

VIRE O MATE

Leo de Abreu

VIRE O MATE – Adelante bailar

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Dizem, na música, que a arte de compor não precisa cabresto. E que no geral a arte em si não carece normas. Identidades são questionadas sempre e sempre por inovadores e rebeldes. Pode se dizer, que a arte é como o diamante, forjado na mais bruta situação. Afinal, pensar fora da caixa nuca foi, e nunca será algo pacato.

Quando uma fatia do bolo da nossa cultura se reparte para famintos espectadores, se constrói um dos mais lindos fenômenos de nós mesmos: a inspiração. Quando presentamos algo, inspiramos alguém. Quando só existimos, inspiramos também mesmo sem querer. É a beleza de tudo. A premissa da nossa anônima eternidade. Mas agora vamos para a parte do baile.

Um baile é um baile, barbaridade como é lindo. Mil contos e poesias já retratam a magia que é tantas figuras e tantos jeitos em algum ponto desse Rio Grande reunidos pra uma festa gaúcha. Tantos diferentes, e tantos iguais. Há quem fique pela copa, quem só fique espiando, quem vai pelo namoro, quem só vá pela gaita… mas todo mundo dança. Cada qual a seu cada qual, mas todo mundo dança sim. Seja batendo um pezinho, chacoalhando o gelo num copo, quem saia fazendo par ou troteando compassado depois de um carão. Todo mundo dança sim!

Quem vai de par pra sala nesses bailes gaúchos, geralmente segue a cartilha cultural dos mais antigos dançando conforme a norma mas com o toque da ocasião. E fica bonito. É certo!

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Tem quem dance tanto por tantos lugares que chega ter sotaque surrado nos pés e faz ao seu jeito, que tri que fica! É bem certo!

Dificilmente não salta um par de mais idade floreando de um jeito ancestral e marcado, como que a reclamar para os mais novos e mostrar de como era antigamente. Tem que respeitar! Aos olhos dos recém chegados dá graça, mas é só o costume. Se reparar bem tudo de novo partiu dali, daquele jeitão. É a essência da coza. É lindo, o certíssimo.

Quem chega e tropica nos próprios dedos e se arrisca, garante que os próximos bailes serão melhores e assim se vai, como manda o certo do negócio.

Baile é uma gigantesca manifestação da arte, aqui no sul então nem se fala! Então, arte pela arte, deve ser contemplada, admirada, compartilhada e também questionada.  Só neste ponto popular, a arte não pode ser é julgada. Falamos e baile e é sobre quem externa si mesmo em jeitos por aí, nisso não existe certo ou não. É preciso saber isso ainda que quebre ou judie da vaidade que temos ainda que inconsciente.

Tem aquele pedaço de composição do Mauro Moraes que diz “quem souber coplas que cante, alma livre, rédea flouxa, vamos tecer uma colcha com retalhos de Rio Grande” e eu particularmente acho que é quase um mantra, um mandamento e me repito diariamente na minha cabeça. Quem souber coplas que cante… E, quem quiser bailar, que vá!