Com o início da aplicação da vacina no Rio Grande do Sul, a população recebe uma ferramenta aliada na luta contra a doença transmitida por mosquitos
A Associação Médica do Rio Grande do Sul (AMRIGS), em parceria com a Sociedade Rio-grandense de Infectologia, destaca a relevância da imunização contra a dengue, ressaltando, no entanto, que cuidados preventivos, como eliminar possíveis criadouros do mosquito Aedes aegypti, devem permanecer. Embora a imunização seja um passo crucial para o controle da doença, conscientizar a população sobre a necessidade de remover recipientes que possam acumular água parada é essencial. Medidas simples, como não deixar pneus, garrafas e vasos expostos à chuva, contribuem para interromper o ciclo de reprodução do mosquito transmissor.
“A vacinação é a principal ferramenta de prevenção da doença e deve ser utilizada em conjunto com outras medidas já conhecidas, como combater os focos de reprodução do mosquito e evitar as picadas deles. A vacinação oferece proteção individual, mas deve ser pensada no coletivo, sendo oportunizada ao maior número de pessoas dentro da política de saúde do SUS. As vacinas disponíveis contra a dengue não apenas previnem a doença, mas também reduzem as hospitalizações, protegendo as pessoas e diminuindo o impacto de custos e logística no sistema de saúde, bem como em outras áreas da sociedade”, destaca o diretor científico da Sociedade Rio-grandense de Infectologial, Dr. Paulo Gewehr.
Como funciona a vacina
A vacina contra a dengue, a ser fornecida pelo Ministério da Saúde, é denominada QDenga (lab. Takeda) e é destinada a pessoas entre 4 e 60 anos, não sendo recomendada para gestantes e imunodeprimidos. Ao introduzir partes do vírus da dengue, ela instrui nosso sistema imunológico a criar anticorpos e células de defesa específicas que permanecem armazenadas em nossa memória imunológica, aguardando um possível contato futuro com o vírus para neutralizar e conter a infecção. Conforme Nota Técnica conjunta publicada pela SBI com Sociedade Brasileira de Imunizações e Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, a vacina demonstrou eficácia contra o DENV-1 (69,8%), DENV-2 (95,1%) e DENV-3 (48,9%). A eficácia contra o DENV-4 não pôde ser avaliada neste período devido ao número insuficiente de casos de dengue causados por esse sorotipo durante o estudo. A eficácia contra hospitalizações por Dengue Confirmada Laboratorialmente (DCV) é de 84,1%, com estimativas semelhantes entre soropositivos (85,9%) e soronegativos (79,3%).
Grupos Prioritários
A previsão da chegada da vacina é fevereiro deste ano. Conforme informações do Ministério da Saúde, a aplicação da vacina contra a dengue terá como prioridade a faixa etária de 6 a 16 anos. O país adquirirá 5,2 milhões de doses da Qdenga, fabricada pelo laboratório japonês Takeda, e também receberá doações. O quantitativo permitirá a vacinação de até 3 milhões de pessoas, já que o esquema vacinal prevê a administração de duas doses.
Casos no RS
Segundo dados do Painel de Casos de Dengue, o Rio Grande do Sul tem notificados 1.388 casos de dengue (até o dia 19 de janeiro) e 602 confirmados. Não houve óbitos. Em 2023, foram 73.463 notificações e 38.562 casos confirmados, com 54 óbitos.
Sobre a AMRIGS
A Associação Médica do Rio Grande do Sul é uma organização sem fins lucrativos voltada para a atualização do conhecimento técnico-científico e para a realização de debates científico-culturais relacionados à saúde, à Medicina e à vida profissional. Desde o momento de sua fundação em 1951, a AMRIGS integra a vida do médico em todas as etapas da profissão, tendo como objetivos:
- Fomentar a ciência e a cultura médica;
- Promover a defesa profissional;
- Fortalecer o associativismo e a representatividade médica;
- Ser influenciadora como entidade protagonista de ações em prol da saúd