Eu gosto de conversar com o prefeito Constantino. Ele tem um sarcasmo ao qual eu me identifico. De verdade, muitas vezes me divirto entrevistando ele e os bastidores do pós são reveladores. Constantino Orsolin já escreveu o nome na história de Canela, obviamente por ter sido eleito três vezes para prefeito, mas também por ser um dos maiores mestres na arte de jogar xadrez com peças políticas, ou até não políticas.
Em 2020, muitas pessoas de dentro do MDB defendiam a tese de que o partido deveria ir com chapa própria ao executivo. Era sabido aos quatro ventos que a eleição era páreo corrido. Constantino poderia ter escolhido qualquer membro filiado ao partido que teria sido eleito. Ele bateu o pé e seguiu com Gilberto Cézar e o PSDB ao seu lado. Gratidão, poderiam dizer alguns. Teimosia, poderiam dizer outros tantos. Não era. Era a câmara e suas cadeiras que interessavam ao prefeito que iria se reeleger. Se ele não sabia quantas vagas teria o MDB nesta eleição, ao menos tinha a certeza de que só com o partido e o Republicanos, seu partido fiel escudeiro, poderia não ter a maioria do legislativo. E assim foi feito. Em certos momentos, a situação, composta por MDB, PSDB e Republicanos, acabou tendo até 8 votos dentro da câmara.
O movimento de Gilberto Cézar, então vice-prefeito, de romper com o governo e levar junto o PSDB poderia equilibrar as coisas. Ainda mais com a vereadora Carla Reis descontente com o atual mandatário. Não aconteceu, pois Alfredo Schaeffer já está ao lado da situação. E, voltando ao legislativo, calou uma das vozes mais fortes que ecoavam dentro do prédio: Felipe Caputo.
É movendo peças e pensando à frente que Constantino Orsolin segue, e provavelmente seguirá, dando os seus xeque-mates no tabuleiro político de Canela. Atualmente, dois de seus secretários se manifestaram contra a venda do Centro de Feiras. Eu posso estar aqui cometendo uma gafe escrita histórica: mas nem Marcelo Savi e nem Luciano Melo voltarão à câmara para dar seu voto contrário a isso. O prefeito já tem os votos necessários para isso e provavelmente nem Carmen Seibt vai poder votar. Será um 6 a 4, com Jefe voltando a assumir a prefeitura, diversos suplentes tendo o poder de decisão, Constantino sorrindo e curtindo as suas férias, e muitas pessoas tentando entender como tudo isso aconteceu.
Quando me perguntam como Constantino dá entrevistas controversas e até mesmo é contrariado por membros de seu entorno, como Jeferson Oliveira que falou na live da Folha que o atual governo não consegue priorizar esporte e cultura em mais de sete anos lá dentro, eu respondo: você pode não gostar da pessoa Constantino Orsolin, mas provavelmente nunca conseguirá chegar aos pés do político. O atual prefeito defendia um centro de convenções na entrada de Canela e deixava claro que não influenciaria em mobilidade urbana. Agora defende que a venda do Centro de Feiras é necessária, até porque ali um Ginásio ou um complexo cultural afetaria a mesma mobilidade. Qualquer indagação sobre não ter feito um Ginásio Municipal cai sempre no discurso que fez diversas estruturas para as escolas. Que são importantíssimas, mas não são o foco da discussão. Quando se fala em educação, ele discorre sobre o turno integral, mas não fala sobre os índices capengas acerca da qualidade da mesma no município.
Quando é tocado no assunto da venda do Centro de Feiras apenas pela questão financeira, Constantino fala sobre o superávit e diz que o dinheiro é para investimento. Mas ao mesmo tempo se queixa da elevada folha de pagamento que também foi inchada exatamente pelo aumento do número de cargos públicos criados pelo governo. E você sabe muito bem que o Chico, eu, Braulio Ricardo e tantas outras vozes da imprensa vamos seguir perguntando ao atual prefeito sobre temas polêmicos. E ele vai seguir respondendo o que ele acha plausível e conveniente para o momento. Porque ao final o que importa são as peças do seu xadrez. E elas estão prontinhas para atacar, desde o peão até as torres. Quer você goste ou não!
