Caro leitor, semana passada escutei um cliente falar para o filho “essa é a realidade do empreendedor brasileiro” apontando para minha direção e fiquei com isso na cabeça para te contar nessa coluna. Sábado de manhã, ainda com a loja fechada, estava organizando tudo para abrir as portas, quando um pai, seu filho e mais dois “filhos intercambistas” do Canada conversavam em inglês e me pediram se poderia atendê-los.
Na conversa eles me contaram que estavam mostrando como é a realidade do Brasil para os visitantes que estavam acolhendo e um dos assuntos foi o empreendedorismo. Comentei que a loja era uma segunda fonte de renda, mas que o meu trabalho é de consultora empresarial, contei um pouquinho da minha história, do tempo de universidade, das alegrias e dificuldades que enfrentei ao longo dos anos. Mas acredito que o que eles se impressionaram foi com a dona do negócio colocando a mão na massa e por estar cuidando da minha bebê de dois meses ao mesmo tempo.
Uma das minhas formações é na área de empreendedorismo, do qual escrevi meu primeiro livro, ainda quando estava no Mestrado de Administração. Na sala de aula aprendemos muito sobre os desafios que o empreendedor enfrenta, mas só quem está na pele, no dia a dia, é que pode sentir a montanha russa de emoções dos altos e baixos.
No meu caso, a rotina de mãe, dona de casa e empreendedora deixa o cenário ainda mais desafiador, conseguir conciliar e dar a atenção a cada papel não é tarefa fácil. A insegurança e volatilidade do mercado apimentam ainda mais o tempero da sopa de letrinhas dessa vida.
Imagino que os canadenses vivam uma realidade bastante diferente, mas aqui no Brasil, a falta de inovação tecnológica, de profissionais qualificados e alta carga tributária, são apenas pequenas pedras que enfrentamos para manter as empresas que geram empregabilidade e renda para milhões de pessoas de portas abertas.
Vivo todos os dias ao lado de empresários (as) cheio de sonhos e anseios, pessoas que acordam cedo e dormem tarde, que carregam nos ombros as responsabilidades de recomeçar sempre, indiferente do que aconteça. São essas pessoas e suas histórias que me inspiram e me motivam trabalhar com consultoria, pois nenhum título no mundo paga a satisfação de ver um resultado positivo e um cliente feliz.
A grande realidade é que para empreender aqui é preciso ter coragem! Já dizia Spencer Fry que precisamos parar de romantizar a profissão de empreendedor. É uma luta constante, diária, para salvar a vida da sua empresa – e a sua própria pele.