Me surpreendi com uma postagem na página da Câmara de Vereadores, no Facebook, na qual o vereador Jerônimo Rolim sugere fiscalização ao uso de patinetes.
Compreendo e acho justa a preocupação do vereador com a segurança, porém, todavia e entretanto, a locação dos patinetes está seguindo a legislação.
Há uma lei que regulamenta o uso, chamasse Código de Trânsito Brasileiro e uma resolução do Conselho Nacional de Trânsito (Contran). Essas normas colocam bicicletas, patinetes e skates no mesmo balaio. Vamos fiscalizar todos?
Óbvio que eu compreendo a preocupação com a segurança, mas o uso de equipamento individual de proteção é um problema de cada um, não da empresa, vale para skate, bikes e afins.
Mas, fiz estes primeiros quatro parágrafos para repetir a frase do título, o mundo mudou, gostemos ou não, e é irreversível. Hoje mesmo, bateu um senhor idoso aqui na redação, procurando jornal em papel, perguntei qual a finalidade e era para seu gatinho.
Não adianta brigar. Está aí o Uber para provar isso. Quantos jovens de 18 a 25 não se preocupam em fazer carteira ou comprar um carro porque usam Uber. Aqui na região, existe a briga com o Airbnb, briga esta já perdida. Já sabemos que existe público para o hotel, a pousada e a locação por temporada.
Lembro que se falou muito em mudança da matriz econômica na eleição. Mas, com todas estas mudanças tecnológicas, será que não é nosso produto turístico que precisa mudar?
O Beto, do Restaurante Tempero Caseiro, ali no centro de Canela, sempre pergunta se a gente já avaliou ele no TripAdvisor. Um app, uma ferramenta virtual, apenas uma das milhares que precisamos lidar todos os dias.
Na minha entrevista com o vice-prefeito eleito, Gilberto Tegner (hoje a coluna é em homenagem aos Gilbertos), provoquei ele sobre o Centro de Feiras. Posso estar até enganado, mas, com exceção de duas ou três ideias que escutei por aí, e não foram de políticos, parece que o canelense deseja que o Centro de Feiras seja usado exatamente como ele foi concebido, em 1997.
Lamento lhe dizer, mas esqueça. Nunca será novamente. O perfil do turista mudou, o perfil do produto turístico mudou, as feiras não ocorrem mais com tanta frequência. Sou totalmente a favor de pintar, reformar, tirar as goteiras do local, arrumar outro lugar para depósito de decorações, mas, mesmo assim, teremos que dar outra utilidade ao Centro de Feiras, porque, com aqueles dois salões enormes abertos, não haverá feiras suficientes para que ele seja usado frequentemente.
É que o mundo mudou, gostemos ou não, e é irreversível.
Ao invés de brigarmos com a tecnologia, devemos tentar entendê-la e ver que muita coisa que não é tecnológica tem lugar no mundo de hoje. Oferecer produtos artesanais, desde uma cerveja, um queijo, um mimo, produto cultural ou esportivo.
Hoje, as pessoas querem produzir memórias, colecionar experiências, e não uma quinquilharia comprada em uma feira. Você pode não gostar disso, dizer que eu estou louco, mas é que o mundo mudou, gostemos ou não, e é irreversível.
Quando o Renato, do Alpen Park, falou em trenó alpino em Canela, muita gente achou esquisito. Quando Valdir Cardoso iniciou um parque com esculturas de personagens mágicos, muitos acharam infantil. Quando Any Brocker iniciou o Pé da Cascata, muito disseram que já havia o Parque do Caracol e os Bondinhos. Quando o Beto Noel abriu uma churrascaria com show gaúcho, muitos disseram que já tinha o CTG.
Chegou a hora de sermos criativos e corajosos novamente. Os tempos mudaram e é necessário aceitar e se adaptar as mudanças. Aproveitar as novas ferramentas e os novos comportamentos para construir novas oportunidade.
Reclamar do novo, que não estamos acostumados é fácil. Ao invés de achar o patinete ruim, baixa o app, coloca o capacete, já que ele é orientado no app, e vai andar com o vento na cara.
Talvez na volta você lembre desta coluna e compreenda que o mundo mudou e, gostemos ou não, é irreversível.