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20 de novembro de 2024

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OPINIÃO FORTI

Márcio Diehl Forti

Opinião Forti | A Culpa é Minha e eu Ponho Ela em Quem eu Quiser

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Essa icônica frase foi dita por Homer Simpson em um episódio histórico de uma das séries mais cultuadas e longevas da TV americana, “Os Simpsons”. Homer é o típico anti-herói carismático da TV. Preguiçoso, impulsivo e com um apetite voraz por rosquinhas e cerveja, ele é conhecido por suas decisões desastrosas e reações exageradas.

Dito isso, acompanhei as manifestações do prefeito Constantino Orsolin para veículos de comunicação nesta semana que está se encerrando. Longe de mim imputar toda a culpa ao prefeito pelo que aconteceu e acontece nos diversos setores sob a responsabilidade da prefeitura municipal. Mas atribuir toda a responsabilidade pelos erros apenas aos seus próximos e subordinados me soa como uma falta de autocrítica de Orsolin.

Ao fazer uma análise fria da campanha ao executivo liderada por Marcelo Savi, Constantino mencionou falhas na coordenação, na executiva do partido e em alguns candidatos envolvidos, que, segundo ele, não eram os melhores nomes para a campanha. O prefeito também comentou que a coligação com o PSD fracassou porque Alfredo Schaeffer, que seria o escolhido para compor a chapa como vice-prefeito, desistiu por questões de saúde. Disse ainda que as conversas com o Progressistas não avançaram por falta de articulação de membros de ambos os partidos. Agora convenhamos: alguém acharia natural Cléo Port e Orsolin dividindo o mesmo palanque? Eu acharia constrangedor.

Toda a prefeitura sabia que Constantino preferia Marcelo Savi a qualquer outro nome como candidato a prefeito. O atual mandatário também declarava publicamente que se manteria como figura forte dentro do executivo. Muitos insatisfeitos dentro do partido passaram o último ano dando entrevistas em que afirmavam não ter recebido suporte do executivo enquanto secretários. Cito Carla Reis e Luciano Melo, que, mesmo assim, foram candidatos nas eleições e não se elegeram. Se ele não estava realmente envolvido, por que antes afirmava que seria ativo e uma liderança forte na próxima gestão?

Quem se elegeu, como Leandro Gralha, deixa claro que o fez apesar de ter sido relegado em momentos críticos pela cúpula do partido, na qual acredito que o atual prefeito esteja incluído. Outro eleito, Joãozinho Silveira, já expressou desejo de presidir o partido, que precisa ser renovado. No entanto, Constantino, a principal figura da sigla, declarou que vai reorganizar o partido e já disse que colocará seu nome à disposição como candidato a deputado estadual.

Quando o hospital enfrentou problemas, o prefeito alegou que a culpa não era sua. Quando a Secretaria do Meio Ambiente teve secretário preso e assessores afastados, a culpa foi atribuída até à Operação Cáritas. Quando o turismo foi afetado por diversos escândalos, o executivo não se responsabilizou. Em entrevista à Clube no ano passado, Constantino afirmou que pesquisas internas mostravam rejeição mínima ao seu governo. Será que esses números condiziam com a realidade? Não acredito.

E não acredito nessa pesquisa porque, sim, existe responsabilidade do atual prefeito. Existe porque a equipe foi escolhida por ele. Existe porque, em certos momentos, ele realmente acreditou que sua eleição com quase 80% dos votos o eximia de qualquer responsabilidade. Existe culpa porque, em muitas situações, ele poderia ter tido a humildade de recuar, como na tentativa de vender o Centro de Feiras sem esclarecimentos reais sobre os motivos ou na criação de mais cargos comissionados, contrariando uma entrevista que deu para a RBS TV Caxias.

A candidatura apoiada pelo atual prefeito ao executivo fracassou nas urnas. Embora o partido tenha conquistado cinco cadeiras na câmara, muitos dos atuais vereadores, como Alberi Dias, Carla Reis e até Emilia Guedes Fulcher (ex-Republicanos, mas alinhada com a base), não obtiveram sucesso. Os números foram ruins. Tanto é verdade que, em 2020, o MDB conquistou mais de nove mil votos para o legislativo; em 2024, pouco mais de cinco mil. A sorte do partido foi que legendas como o Progressistas e o Republicanos também enfrentaram problemas internos e não alcançaram o mínimo necessário. Se tivessem sido minimamente competentes, o MDB teria apenas três cadeiras.

Errar faz parte do processo, e o governo Constantino tem muitos acertos. Educação, pagamento da dívida do Hospital, organização do DMEL (mesmo com poucos recursos), melhorias nas vias dos bairros, iluminação pública, e o Natal deste ano está bonito. Nesses momentos, o prefeito enaltece seus feitos. Então, se acerta, também precisa admitir quando erra. É simples e é a mais pura realidade.