Investigação revelou uso de ração animal e químicos impróprios na produção de leite.
O Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) denunciou 15 pessoas por associação criminosa e fraude em produtos lácteos. A investigação, conduzida pela Promotoria de Justiça Especializada Criminal de Porto Alegre, identificou a utilização de soda cáustica e água oxigenada na adulteração do leite produzido por uma indústria em Taquara. As denúncias resultaram da Operação Leite Compen$ado 13, deflagrada em 11 de dezembro de 2024 no Vale do Paranhana e em outras cidades do Rio Grande do Sul e de São Paulo.
A ação também resultou na apreensão de documentos que detalham fórmulas químicas clandestinas. Um químico industrial, apelidado de “alquimista” ou “mago do leite”, foi identificado como responsável pela elaboração dessas fórmulas. Ele é um dos 15 denunciados e já havia sido alvo do MPRS em 2014, durante a Operação Leite Compen$ado 5.
Esquema criminoso e riscos à saúde
De acordo com o promotor Mauro Rockenbach, a fraude ocorreu entre janeiro de 2022 e dezembro de 2024, com 22 episódios documentados. Exames laboratoriais comprovaram que o leite produzido estava fora dos padrões de consumo, contendo substâncias químicas impróprias e até mesmo ração animal na composição. Os denunciados adulteravam leite vencido ou deteriorado, tornando-o nocivo à saúde dos consumidores.
As investigações também revelaram a presença de sujeira em embalagens de produtos como leite UHT, leite em pó, soro e compostos lácteos. Esses produtos eram distribuídos nacionalmente e exportados para a Venezuela. Porém, os nomes das marcas envolvidas não foram divulgados pela Justiça.
Detalhes da operação
Durante a Operação Leite Compen$ado 13, foram cumpridos quatro mandados de prisão preventiva, incluindo a do “alquimista”, e 16 de busca e apreensão em Taquara, Parobé, Três Coroas, Imbé e São José do Rio Preto (SP). Uma funcionária do laticínio investigado foi presa em flagrante.
A operação teve apoio do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), Receita Estadual, Fundação Estadual de Proteção Ambiental (FEPAM), Ministério Público de São Paulo (MPSP) e Delegacia do Consumidor da Polícia Civil (DECON). Na esfera cível, o promotor Alcindo Luz Bastos da Silva Filho utilizará as provas obtidas para medidas futuras.