Competidores já pensam em se associar à clubes de outros municípios com maior apoio do poder público
A única pista de motocross de Canela, localizada no Banhado Grande e administrada pelo Moto Clube da cidade, está temporariamente interditada após ser utilizada para depósito de lixo verde e restos de podas. A situação gerou preocupação entre os praticantes da modalidade, que temem a perda definitiva do espaço. O tema foi levado à Câmara de Vereadores na última segunda-feira (02) pelo vereador Joãozinho Silveira (MDB), que cobrou uma posição da Prefeitura sobre a renovação da cedência da área.
O mutirão e a destinação do lixo verde
A ação de recolhimento de resíduos verdes foi realizada após meses de acúmulo nas vias públicas de Canela. Desde outubro de 2024, a cidade não conta com um contrato ativo para esse serviço, e a destinação correta do material é responsabilidade dos moradores. No entanto, sem um local licenciado para descarte, muitos freteiros se recusavam a realizar o transporte, o que resultou em um aumento significativo do lixo espalhado pelas ruas.
Diante dessa realidade, a Prefeitura de Canela organizou um mutirão para recolher os resíduos e destinou o material ao antigo aterro sanitário, que já possuía licença ambiental para recuperação da área. Entretanto, parte desse lixo foi depositada na entrada e no estacionamento da pista de motocross, inviabilizando seu uso. Além disso, segundo o vereador Joãozinho, foi feito um pedido para que a pista não fosse utilizada por aproximadamente 120 dias.
Impacto para o esporte local
O motocross é uma modalidade forte em Canela, com mais de 50 praticantes ativos e atletas que se destacam em competições estaduais e nacionais, levando o nome da cidade para diversos eventos. Além disso, a pista é considerada uma das melhores do país, sendo palco de provas importantes.
O evento anual realizado pelo Moto Clube atrai competidores de várias partes do Brasil, movimentando a economia local. Cada piloto viaja acompanhado de pelo menos cinco pessoas da equipe, além de familiares e amigos que assistem às provas. Esse público, geralmente com bom poder aquisitivo, se hospeda em Canela e consome no comércio e na gastronomia, contribuindo diretamente para o turismo da cidade.
“É uma pena que o esporte na cidade, de uma maneira geral, mas neste caso específico, siga sendo tão pouco valorizado”, comentou um integrante do Moto Clube à reportagem da Folha.
Além da interdição temporária, outra preocupação dos praticantes é a indefinição sobre a renovação da cedência da área, que pertence à Prefeitura e cujo contrato venceu em novembro de 2024. Apesar do pedido de renovação ter sido protocolado em abril do mesmo ano, a antiga administração optou por não tomar uma decisão, deixando a questão para a nova gestão, que agora avalia a situação com base em critérios técnicos.
O Moto Clube destaca que a pista recebeu investimentos significativos ao longo dos anos, tanto com recursos obtidos em competições quanto por doações de membros e apoio do próprio poder público.
Posição da Prefeitura e do Moto Clube
A reportagem da Folha conversou com o secretário municipal de Meio Ambiente, Carlos Frozi, que esclareceu a situação da área.
“A área em questão está licenciada pela Fepam como área para recuperação ambiental, por ter sido o local do Aterro Sanitário de Canela. Hoje, para recuperar a área, estamos licenciando para depósito de resíduos de podas de árvores, manejo de jardim e gramas”, afirmou Frozi. Sobre a renovação da cedência, o secretário declarou que ainda precisa analisar as diretrizes da licença ambiental concedida pela Fepam.
Já o Moto Clube teme que o espaço não seja devolvido após os 120 dias de interdição e alerta para o risco de debandada de atletas locais para cidades vizinhas, como Gramado e São Francisco de Paula, onde o motocross recebe maior apoio público.
“Sabemos de outras áreas que podem receber o lixo verde, porém, essa é a única pista de Canela. Não renovamos a licença porque dependemos de uma posição oficial da Prefeitura. Temos intenção de trazer etapas do campeonato estadual para Canela, fomentando a economia local como um todo. Entendemos e até ajudamos na questão do lixo verde, o que estamos pedindo é um compromisso da Prefeitura de que, após esses 120 dias, a pista voltará para o Moto Clube. Essa é nossa única esperança, mesmo sem nenhuma posição oficial até o momento”, disse outro integrante do clube.
Próximos passos
A situação segue indefinida, e a comunidade do motocross aguarda um posicionamento oficial da Prefeitura sobre a renovação da cedência da área. Enquanto isso, os praticantes da modalidade buscam alternativas para manter seus treinamentos e competições em outras cidades.
A Folha de Canela seguirá acompanhando o caso e cobrando esclarecimentos sobre o futuro da pista e a possível reabertura do espaço para os esportistas locais.