Este colunista, que também é editor da Folha de Canela, tem usado a força do nosso veículo de comunicação para cobrar e pressionar o poder público a investir no esporte.
Alguns acham exagero. Às vezes, é o próprio governo que se incomoda; outras, são os leitores. Recentemente, um comentário em uma postagem de rede social foi direto ao ponto: “Chico, tu com ginásio de novo! Deixa de ser chato, vai se preocupar com a saúde e a educação.”
Pois bem, meu caro leitor, a Folha de Canela se preocupa – e muito – com saúde e educação. Cobramos providências em todas as áreas. Mas e o esporte? Parece que, para alguns, ele sempre pode ficar para depois.
A verdade é que, ao longo dos anos, o que mantém o esporte vivo em Canela não é o poder público, mas sim os próprios atletas, clubes, associações, projetos sociais, treinadores e escolinhas. Se há competições acontecendo, é por causa do empenho dessas pessoas – não porque há estrutura adequada (fazendo o devido registro que isso acontece há muitos anos, décadas…).
Quer um exemplo? Metade dos jogadores da 3ª divisão de futsal de Gramado são de Canela. Por quê? Porque lá tem estrutura. Conheço atletas que se demitiram de seus trabalhos em Canela para conseguir um emprego em Gramado e, assim, ter vínculo para disputar os campeonatos de lá.
Outro exemplo? São Francisco de Paula já está de olho nos pilotos de motocross de Canela, que podem ficar sem pista para treinar. Conversas já estão acontecendo para oferecer uma área no município vizinho.
Mais um: um projeto social de basquete para cadeirantes teve início em Canela, não conseguiu apoio e encontrou guarida em Gramado, hoje está sendo desenvolvido na AABB.
E tem mais: um empreendedor da área esportiva, que viu seu negócio fechar por ordem judicial, recentemente, em Canela, já recebeu convite para levar seu empreendimento para São Chico – e está considerando a mudança.
O que tudo isso tem em comum? A falta de estrutura e incentivo para o esporte em Canela. Quando surge a oportunidade de investir e fortalecer o setor, o poder público, historicamente (novamente, há décadas, quase desde sempre), escolhe outra prioridade.
Felizmente, a comunidade esportiva de Canela é forte, determinada e atuante. Se não fosse isso, o esporte por aqui já teria virado um clube de meia dúzia de gatos pingados, como já aconteceu com outras manifestações culturais e sociais do município.
Por isso, neste Dia do Esportista, fica aqui minha homenagem a quem faz o esporte de Canela acontecer. Porque, se hoje ainda temos atletas em alto nível, competindo e levando o nome da cidade adiante, é apesar da falta de apoio – e não por causa dele (você se surpreenderia como tem atleta canelense se destacando na natação, no vôlei, tênis, beach tennis, no jiu-jitsu, no fisiculturismo e no futsal, entre outras modalidades).
Por fim, entendo que a atual administração está apenas começando e precisa de tempo para colocar a casa em ordem.
Eu não quero ser o chato do rolê, não quero ser sempre o cara que cobra providências sempre. Gostaria muito de ser o mensageiro das ótimas novas. Mas, o esporte em Canela precisa e merece ser prioridade.
Vou segurar as cobranças mais incisivas – por enquanto. Vamos ver até quando dá para esperar.