Canela,

16 de maio de 2025

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OPINIÃO FORTI

Márcio Diehl Forti

O João, o Dorival e as Goleadas da Vida!

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Era uma terça-feira que transcorria de forma relativamente tranquila na rotina diária, até que, no meio da tarde, veio a notícia de mais uma prisão de político na cidade de Canela. Desta vez, o atual vereador Joãozinho Silveira foi detido por questões relacionadas ao desvio de materiais de construção do “kit casa”, que deveria ser destinado às famílias atingidas pelas enchentes de maio do ano passado.

Primeiramente, quero destacar que João tem todo o direito à defesa e ao princípio da presunção de inocência. No entanto, as imagens apresentadas pela equipe da Polícia Civil são claras e me deixam constrangido. Primeiro, por saber que se tratam de materiais básicos para uma casa, essenciais para que uma família possa recomeçar dignamente após ter sua vida destroçada pela força da natureza. Segundo, por constatar que, mais uma vez, nossa cidade é notícia pelo que não deveria ser. Ainda que o caso tenha ocorrido durante o mandato do ex-prefeito Constantino Orsolin, entramos em 2025 novamente nas páginas policiais dos portais de todo o estado. E, mais uma vez, com alguém ligado ao MDB. Tivemos escândalos envolvendo saúde, turismo, obras e, agora, assistência social. É triste termos que nos preocupar até com ações que deveriam ser exclusivamente solidárias. E, para piorar, as casas ainda seriam pagas pela família.

Na sequência do dia acompanhei atentamente a sessão da Câmara de Vereadores de Canela. A pauta era importante: teríamos a votação de um projeto que seria apertada. Tratava-se da mudança da vida útil das vans de transporte escolar de 15 para 18 anos, um tema no qual o vereador Joãozinho era um dos principais articuladores. Obviamente, devido ao motivo citado mais acima, o edil não participou da sessão nem da votação. O projeto, a propósito, foi aprovado. No entanto, senti falta de manifestações dos vereadores sobre a ausência de Joãozinho.

Apenas Lucas Dias, do PSDB, se pronunciou sobre o tema falando sobre não passar mais pano pra corrupção. O restante permaneceu em silêncio. Seus colegas de partido não o defenderam e ignoraram sua ausência. Os demais também fizeram cara de paisagem. O presidente da Casa, vereador Felipe Caputo, deveria ter se manifestado. Os políticos, em geral, muitas vezes carregam um descrédito exagerado, ainda que injusto. Ontem, havia uma cadeira vazia na sessão e um motivo forte para isso. Era um caso que merecia uma manifestação, especialmente do presidente. Nesta situação, ele deveria ter se posicionado. Não apenas ele, que fique claro. Agora, resta ver como o tema será tratado internamente na Casa. A propósito, o suplente de Joãozinho na Câmara é Alberi Dias, que também já enfrentou situações semelhantes na última legislatura.

A terça-feira seguiu, após a sessão, com o clássico entre Argentina e Brasil. Mas o jogo esteve longe de ser equilibrado. Foi uma surra de uma seleção que tem organização, vontade e jogadores que demonstram pertencimento e entendem perfeitamente as ordens de seu treinador, Scaloni. O Brasil, por outro lado, conta com jogadores que amam aparecer na mídia, adoram festas, curtem os “parças” e não têm a mínima identificação com a camisa ou com a história da seleção. O resultado foi uma derrota técnica e tática. Arrisco dizer que o Brasil jogou pior ontem do que nos 7 a 1 contra a Alemanha. A Argentina, que não foi tão eficiente, ainda estava sem Messi e Lautaro, seus dois principais atacantes.

No meio de tudo isso, Dorival Júnior, que deveria ser o comandante da seleção brasileira, parecia perdido. Eu olhava para o gramado e não via a mínima possibilidade de virada, seja pela postura, seja pelo olhar dos jogadores. A bem da verdade, Dorival representa muito do que vemos em diversas esferas do nosso país: a falta de sangue, a falta de carisma, unidas à pouca competência para ocupar cargos de alto escalão. E assim seguimos, sendo goleados e cambaleando em tantos e tantos gramados da vida.