Cantigas de beira de rio
Onde mora um eu inteiro
Valseados de água mansa
Chamames em bufos de rio cheio
Sei que pra um lado de lá
Onde um dia também vou
Também quero cantar nas margens
O que nunca silenciou
Tem um peso na coplita
Que simples trago comigo
Por quem aqui já passou
E ainda é meu amigo
Vendo a margem de cá
Sei do meu rastro e caminho
Mais adiante dos meus olhos
Meu canto nunca é sozinho
Somos aquilo que fica
Nas águas em redemunhos passando
Porque a vida imita um rio
E permanecer, é contrabando
Pesqueiro de versos livres
Onde a alma quer estar
Um pertencimento barranqueiro
A voz dos que já não podem cantar
Transcende o tempo que habita
Sem medidas de rico ou pobre
Reconhece aos seus
Até que a travessia a vida cobre
Barranca do Rio Uruguai, semana santa de 2024.