Buçal torcido e rabicho
Combinando cabeçada na parelha
Uma trança de bom gosto
Bem sovado e fitinha vermelha
Hoje serve o serviço
Amanhã o uso carrega
A rédea fica solteira
Ou se floxa no tirão da refrega
Porque nem o abraço da trança
Sustenta ao que tudo recai
O mundo por redondo sempre gira
E o tempo… o tempo se vai
Aquela cuia bonita
Que sorveu silêncio e risada
Viu o amarelar das bombas
Envelhecendo nas mateadas
De herança ficou um tanto
Entre relíquias de um pai
Que o bisneto só ouve por conto
Porque o tempo, o tempo se vai
/Volta pro dia de amanhã
Pedaço de hoje e tão só
E de resto fica saudade
Até o dia de também ser pó
Água de Rio que desce
Tropeadas só de ida
Destino do dia é a noite
E da noite, um dia em seguida/
Invernadas bordadas de cercas
Telhados novos nos vistaços
Ontem só foi melhor que hoje
Se dá vida faltou um abraço
Quando a lembrança bater
Salgando a beirada dum olhar
Na ausência de queridos
Dando motivo do peito apertar
Quem deixa de ser presença
Dos seus, um tanto não sai
O que fica são os retratos
Lembrando que o tempo se vai!
Até o melhor pingo de lei
De fama em domingo e rodeio
Dele só fica a saudade
E outro já ganhou seu freio
Taperas relatam este quadro
O que muito fica também cai
Escondidas num mato crescido
Vem o tempo, e o tempo vai!