Deja é sentenciado a 59 anos de prisão; Marlei, a 33 anos, em caso de 2019
Na tarde desta quarta (21), foi realizado em Gramado o julgamento de Dejair Filipiak de Souza e Marlei da Silva Ramos, integrantes da quadrilha responsável por um dos crimes mais graves da história recente de Gramado e Canela.
Deja foi condenado a 59 anos de reclusão, em regime fechado, enquanto Marlei recebeu uma pena de 33 anos de prisão, também em regime fechado. A dosimetria detalhada das penas ainda não foi divulgada pela Justiça.
A condenação encerra, no âmbito judicial, um caso que assustou profundamente a comunidade local, marcado por assaltos violentos, sequestros, confrontos armados e uma caçada policial de mais de 72 horas, ocorrida em novembro de 2019.
Relembre o caso:
Quadrilha especializada realizou assaltos, sequestros e confrontos que mobilizaram as forças de segurança por mais de 72 horas
Entre o fim de outubro e o início de novembro de 2019, Gramado e Canela viveram um dos episódios mais graves e violentos de sua história recente, com assaltos, sequestros e uma caçada policial que durou mais de três dias, envolvendo diversas forças de segurança da região.
O caso teve início com o roubo a um empresário, e culminou com reféns, confrontos armados, um policial ferido e a prisão de quase todos os membros da quadrilha — uma organização criminosa altamente especializada, composta majoritariamente por integrantes da mesma família, com atuação em diversos crimes no Rio Grande do Sul.
Na noite de 22 de outubro de 2019, um empresário do ramo moveleiro de Gramado teve a residência invadida, com a família feita refém e valores roubados. Além disso, os criminosos levaram o cofre da fábrica do empresário, utilizando veículos clonados e armamento pesado. A ação violenta e bem articulada chamou a atenção das forças de segurança, que passaram a monitorar os integrantes do bando, suspeitando de novos ataques.
Na tarde de sexta-feira (1/11/19), os irmãos Dejair e Roberto Filipiak de Souza, junto de Marlei da Silva Ramos, sequestraram um empresário e três funcionários no interior de Gramado, após invadirem o sítio da vítima, na Linha 28, zona Rural de Gramado. Ao tentar fugir com o veículo da vítima, o trio arremessou a caminhonete contra policiais civis, atropelando um agente, que ficou gravemente ferido.
A Polícia Civil reagiu, atirou nos pneus do carro e conseguiu resgatar os quatro reféns. Os criminosos, porém, abandonaram o veículo e fugiram para a mata, iniciando um cerco policial que durou mais de 72 horas. No sábado à tarde (2/11), Marlei da Silva Ramos, então com 41 anos, foi preso. Ele havia se separado dos irmãos Filipiak durante a fuga e foi capturado enquanto tentava escapar da região.
Os irmãos Dejair e Roberto permaneceram escondidos na mata, mas foram localizados após intensas buscas. No domingo (3/11), Roberto Filipiak entrou em confronto com a polícia, foi alvejado e acabou falecendo no Hospital São Miguel, em Gramado, na tarde da segunda-feira (4/11).
Enquanto isso, Dejair conseguiu fugir em direção ao Caracol, em Canela, após invadir uma pousada e fazer uma família refém, obrigando-os a levá-lo até Taquara.
Na madrugada do dia 9, após dias de buscas, a Polícia Civil capturou Dejair Filipiak de Souza em Taquara. Com ele, foram apreendidos:
- Uma pistola 9mm
- Munição
- Dois coletes balísticos
Deja foi encaminhado ao Presídio Estadual de Canela, encerrando assim a desarticulação completa da quadrilha.

Reconhecimento merecido, mas com uma ausência que chama atenção
Policiais civis foram promovidos por bravura, mas quem arriscou a vida e ficou de fora merece ser lembrado
A operação que desarticulou a quadrilha responsável pelos assaltos e sequestros que aterrorizaram Gramado e Canela não foi apenas um exemplo de competência policial, mas também de bravura e resistência.
Como forma de reconhecimento, sete agentes e um delegado receberam, posteriormente, a promoção por ato de bravura, honraria concedida a policiais que demonstram coragem extrema e dedicação acima do dever.
Entre os promovidos, está um agente atualmente lotado na Delegacia de Canela, que foi ferido gravemente no confronto, passou por um longo processo de recuperação, mas retornou ao trabalho com a mesma disposição e compromisso com a segurança pública.
No entanto, a homenagem, embora justa, não contemplou todos que mereciam.
O policial civil Douglas Costa de Oliveira, que hoje atua na Delegacia de São Francisco de Paula, ficou fora do processo de promoção, mesmo tendo tido uma atuação fundamental nos sucessivos confrontos que ocorreram durante os dias de cerco e resgates.
Douglas foi peça chave em ações que salvaguardaram a vida de dois delegados durante os intensos enfrentamentos armados. Sua ausência na lista de promovidos soou como uma tremenda injustiça entre colegas e integrantes da própria força policial.
A Polícia Civil, administrativamente, optou por não incluí-lo entre os homenageados, uma decisão que não apaga sua importância na operação, mas que reacende o debate sobre os critérios de reconhecimento dentro das instituições de segurança pública.
Ao fim, a história desse episódio revela não apenas a força da investigação e da operação policial, mas também a necessidade de rever como, quando e quem reconhecemos — pois quem arriscou a própria vida pela segurança da comunidade nunca pode ser esquecido.