Canela,

13 de junho de 2025

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OPINIÃO FORTI

Márcio Diehl Forti

Os Alhos e os Bugalhos

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Estou em viagem, mas nem por isso deixo de acompanhar as informações da nossa aldeia. Seja pela nossa Folha, seja por outros meios, hoje só não sabe o que acontece em Canela—ou em qualquer outro lugar do mundo—quem escolhe viver na desinformação. Claro, há quem prefira omitir ou ignorar pautas relevantes, mas esse não é o foco da coluna.

Nesta semana, tivemos a notícia de que um grupo do Vale dos Vinhedos demonstrou interesse em investir em Canela. A proposta? Um hotel de primeira linha, com centenas de apartamentos e, junto ao complexo, um Centro de Convenções. A reunião com o poder público foi intermediada pelo Convention, e as perspectivas são animadoras: os investidores são sérios e têm potencial para concretizar esse projeto.

Conversando com especialistas no assunto, ficou evidente que o empreendimento pode trazer diversos benefícios para nossa comunidade. Seja pela localização estratégica—próxima à popular “curva da banha”—seja pelo Centro de Convenções, que promete movimentar eventos para até mil pessoas. Alguns falam até em 3.500, mas não é o que obtive. O essencial, no entanto, é a chegada desse equipamento que poderá impulsionar ainda mais nossa cidade.

Outro tema relevante é a proposta do vereador Rodrigo Rodrigues (PDT) de implementar estacionamento rotativo nas vagas da Estação Rodoviária de Canela. Apoio totalmente essa ideia, e explico por quê: se você já tentou estacionar ali em horário comercial e conseguiu, considere-se um verdadeiro sortudo. O problema é claro—muitas pessoas deixam seus carros estacionados o dia inteiro, dificultando a rotatividade. Entendo que alguns utilizam ônibus para ir a outras localidades e, ao retornar, precisam do carro para seguir viagem, mas esse não deveria ser o propósito das vagas disponíveis.

Agora, pegue essas notícias e transporte para as redes sociais. O que você verá? Pessoas criticando sem nem ao menos se aprofundarem no assunto. No caso do Centro de Eventos e Convenções, há quem mencione o decadente Centro de Feiras, que pertence ao município e, segundo alguns, deveria ser reformado antes de se pensar em outro projeto “nas bandas da estrada do Caracol”. Mas isso, como diria minha saudosa avó Jandyra, é misturar alhos com bugalhos. A iniciativa privada, seguindo todos os trâmites legais, não depende do poder público para investir em um espaço desse porte. Esse novo projeto é mais uma opção—e não significa, de maneira alguma, que a prefeitura abandonará o Centro de Feiras (assim espero, aliás).

No caso do estacionamento da Rodoviária, muitos reclamam do suposto absurdo de entregar as vagas à concessionária do serviço. Concordo que a empresa poderia abrir mão de algumas vagas centrais para assumir essas, mas a organização do espaço é essencial. E mais óbvia ainda é a necessidade de revitalizar a Estação como um todo—ainda mais urgente e fundamental.

O problema é que as pessoas estão cada vez mais preguiçosas quando se trata de buscar informações corretas. Muitos nem clicam na matéria—leem apenas a manchete, absorvem dois ou três comentários aleatórios e já saem dando opinião embasada em praticamente nada. Outros, ainda, têm a incrível capacidade de culpar a imprensa por ser “tendenciosa”, “comprada” ou “medrosa”, quando ela está simplesmente cumprindo seu papel: informar, ouvir as partes envolvidas e oferecer um panorama real dos fatos. Mas é complicado trabalhar com comunicação quando o receptor já tem ideias prontas na cabeça—e nem se dá ao trabalho de ler a notícia na íntegra.

Na última eleição, entrevistamos todos os candidatos. Algumas perguntas foram respondidas de maneira evasiva. E qual foi a reação? A crítica caiu sobre quem perguntava, não sobre quem fugia das respostas. Agora, pense: se você está escolhendo seu voto e um candidato não consegue ser claro sobre um tema importante, é da imprensa que você vai reclamar? Não seria mais sensato repensar seu voto?

Eu certamente o faria.