Canela,

13 de junho de 2025

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Chico

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Francisco Rocha

A crítica pela crítica é só barulho; a crítica com propósito é serviço público

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Tenho ouvido, com certa frequência, questionamentos sobre o motivo de eu estar sendo “ameno” ou de não criticar o governo Gilberto Cezar com mais veemência. A verdade é que critico, sim — sempre que é necessário. Talvez não na intensidade ou na frequência que alguns gostariam, mas no momento certo, com responsabilidade e propósito. Não confundo jornalismo com linchamento, nem opinião com barulho.

Em tempos de polarização e cobranças constantes sobre o poder público, é fácil cair na armadilha da crítica permanente — como se toda análise só fosse legítima quando aponta erros. No entanto, como bem disse o escritor britânico G.K. Chesterton, “o hábito de criticar tudo destrói o hábito de admirar qualquer coisa.”

A crítica, quando feita com responsabilidade, não deve ser um fim em si mesma, mas um instrumento para provocar soluções. Aqui na redação, não foram poucas as vezes em que entramos em contato diretamente com secretários municipais para relatar um problema, e ele foi resolvido antes mesmo de virar notícia. Isso não significa que os problemas não existam — eles existem, sim — mas, se podem ser resolvidos sem recorrer ao sensacionalismo ou à caça de cliques, tanto melhor. A imprensa não é — e nunca deve ser — agente do caos. Nosso papel é informar com responsabilidade. A crítica vazia é, no fim das contas, dar palco à burrice. E, sim, elogiaremos quando merecido.


Elogiar o que avança não me impede de cobrar o que ainda anda para trás

Apesar de avanços claros em muitas áreas, me parece que a tecnocracia tem atrapalhado o governo Gilberto Cezar. Em alguns setores, ela flerta perigosamente com a burocracia ou leva a decisões frias, desconectadas da realidade vivida pela população.

Isso já se manifestou em episódios como o do Moto Cross, nas escolas e em outras situações semelhantes. Porém, a que mais me chama a atenção é a área do esporte. Os funcionários do DMEL tentam, mas esbarram nas amarras tecnocratas. No caso do esporte, a derrota não vem de adversários mais qualificados, mas da ausência de uma política pública consistente e da falta de agentes políticos que vivam e valorizem a área.

O Ginásio Carlinhos da Vila, que já é precário e insuficiente, perde cada vez mais espaço para as instituições instaladas ao lado. Não que elas não mereçam estar ali, mas o ginásio não recebe os investimentos necessários. Aí fica injusto — como desmanchar o ginásio para usar o material na escola ou sacrificar o estacionamento, e assim por diante.

Veja as finais da Série Bronze, por exemplo: nenhum secretário, prefeito ou vice apareceu por lá.

Esta semana, recebi a divulgação das semifinais da Segunda Divisão de Futsal de Gramado. Nas fotos das equipes, contei pelo menos 15 atletas canelenses. No Veterano de lá, é a mesma coisa.
Mas por que o canelense prefere jogar em Gramado — e há quem até tenha transferido o título de eleitor para isso — do que em Canela? Simples: lá, há estrutura — e ela atrai os atletas. Aqui, infelizmente, ocorre o oposto.

Faltando poucos dias para o início da nossa Série Prata, já há diversos relatos de equipes com dificuldade para montar seus elencos. Falta vontade dos nossos atletas em jogar aqui, mesmo estando ativos em competições em cidades vizinhas.

O esporte sobrevive graças a alguns que não desistem, apesar dos últimos governos municipais que pouco ou quase nada fizeram. E, neste ano, nem a desculpa da falta de verba se sustenta. Resta a tecnocracia e, por vezes, a teimosia institucionalizada — aquela que paralisa mesmo quando os caminhos estão à vista.

Canela vive um momento delicado, à beira de se tornar a cidade do “já teve”: já teve teatro, já teve cultura, já teve eventos, já teve esporte…
Bom seria valorizar quem ainda resiste nessas áreas — e insiste em construir, mesmo quando o poder público insiste em negligenciar.