Desde a retomada dos campeonatos municipais no pós pandemia, em 2022, temos tido episódios de brigas e confusões nas competições municipais. As mesmas já aconteciam antes, é verdade, mas vamos pegar um recorte mais recente.
Aliás, cabe aqui uma reflexão: lembram que em 2022 os jogos aconteceram no Ginásio do Sesi, pois o Marista, desde 2019 tinha outros planos? Planos estes mais lucrativos, é verdade, mas que também preservavam o ambiente da escola do que acontecia dentro e fora das quadras nos campeonatos.
Claro que nada é oficial, mas os jogos não continuaram no Sesi em função das confusões dentro e fora da quadra. O Parque do Sesi colocou uma série de imposições para que os jogos não continuassem lá, por acreditar que não somava para a sua atividade, que tem a pousada, centro de eventos e restaurante, junto com o centro esportivo.
Isso fez com que a Prefeitura, as pressas, reformasse o Ginásio Carlinhos da Vila e as competições foram para lá. Além disso, e também por isso, em 2023 surgiu o Regulamento Esportivo Canelense, que usamos até hoje.
Nenhum regulamento é perfeito e nem eterno, mas se você ler nosso regulamento, verá que o mesmo é bem completo e também abre possibilidade para que nos casos omissos se busque alternativas no Código Desportivo Brasileiro.
Mas, em todo este período, o DMEL teve uma sucessão de diretores e cada um que passou por lá interpretou diferente o regulamento, principalmente quanto à disciplina.
Em quatro anos tivemos Marcelo Drehmer (2021 e 2022), Cristiano Port (parte de 2023), o Hélio (2023 e 2024) e agora Marcelo Drehmer, de novo.
É muito difícil desenvolver uma política pública de esporte com um departamento que é apêndice de uma secretaria, que não tem verba nem apoio institucional. Assim, o DMEL sofre até para a realização dos campeonatos.
A falta de estrutura (as vezes nem uma bola decente tem) também contribui para que muitos não levem a sério o esporte.
Mas tem uma coisa que, mesmo diante dos piores quadros não pode ser deixada de lado, e é justamente o que diz o artigo 1º de nosso regulamento: a interpretação das normas deste Regulamento visa a defesa da disciplina e da moralidade do desporto e não o nome de quem está na representação, seja quem protesta ou quem é protestado.
O que temos presenciado é penas disciplinares leves para uns, pesadas para outros e, em casos mais graves, descumprimento reiterado das penas aplicadas.
Este desdém, ou “deixa pra lá” vai criando um clima de insegurança, tanto jurídica quanto moral nas competições. A cada “passada de mão”, a cada exceção, foi se criando uma ideia de não dá nada e quem gosta da confusão sente isso.
A briga desta quinta, nas quartas de final da Série Prata, era pedra cantada. Já havia acontecido episódio semelhante no Sub 15, que não teve punição para atletas e equipes, mas culminou com um jogo de portas fechadas na semifinal.
Na Série Bronze também teve confusão e agressão, na quadra e fora dela.
A decisão, a caneta, está na mão do diretor Municipal de Esportes. Neste ano, Marcelo Drehmer, que parece estar sendo flexível e muitas vezes não dando bola para estas questões, ou então, abrindo muitas vírgulas que não existem no regulamento.
A Secretaria Municipal de Educação e Cultura e a Prefeitura também foram alertadas dos fatos, mas a lentidão burocrática parece engessar qualquer ação. Eu, pelo menos, penso que seja isso, porque acreditar que eles simplesmente não deram bola para os avisos, aí seria uma temeridade.
Infelizmente, tudo isso culmina com a agressão a um servidor do DMEL, um rapaz gente boa, agredido pelas costas e no chão. Aí veio uma punição exemplar.
Todo o repúdio à violência e aos atos que nada tem a ver com o esporte, cometidos no final do último jogo de ontem. Cumpra-se o regulamento.
Mas, se eu fosse o funcionário do DMEL, me questionaria quem deixou chegar a este ponto. O diretor do DMEL, a ausência da Secretaria nas questões esportivas? O Conselho Municipal de Esportes, que em Canela sempre foi para bonito e segue sendo? A Prefeitura, que já havia sido avisada?
A insegurança que está sendo criada passa por estes atores, que mencionei no parágrafo anterior. Não tem desculpa para os atos de violência cometidos pelos atletas.
Mas, para a omissão e para o “deixa quieto” ou “deixa pra lá”, pelo visto vai ter!
Lembrando que é sempre justo pedirmos estruturas melhores, condições melhores e mais recursos para o esporte. Mas tem coisa que não custa dinheiro, custa competência, celeridade, moralidade e impessoalidade. Mas, como chamamos isso de valores …
A conta, afinal, chegou, mas para quem?