O Chico já escreveu sobre o lamentável episódio ocorrido no Carlinhos da Vila, na última quinta-feira.
Eu não vou me aprofundar nas agressões nem nos comentários absurdos que tentam justificar, de alguma forma, a violência contra o árbitro e um servidor público (que, diga-se, é uma pessoa do bem) sob a desculpa de que ambos “teriam errado”.
Aliás, se erros justificassem agressões, o que teria de jogador meia-boca apanhando por errar passes de dois metros não caberia em gibi.
O que eu quero dizer aqui é o seguinte: há muita gente contrária à construção de um ginásio municipal em Canela. E o argumento dessas pessoas se apoia justamente na “deseducação” de uma parcela significativa dos esportistas locais. Diante de episódios como esse — somados a tantos outros dos últimos anos —, eu começo a entender o ponto de vista deles.
A verdade é que o esporte precisa estar atrelado à cidadania, à educação, à formação de crianças e ao bem-estar coletivo. Sendo bem direto: qual é o verdadeiro retorno para a comunidade de um equipamento público de 10, 12 milhões de reais?
Se for para servir exclusivamente a torneios que promovem animosidade, brigas, ameaças e falta de respeito, me desculpem — é melhor não fazer.
E é bom lembrar: esporte não é só futebol. Defendo com convicção a existência de uma secretaria de esportes, mas que contemple a pluralidade. Há muita gente talentosa praticando esportes diversos, e a maioria deles está bem longe desse nível de grosseria que tem se repetido no futebol/futsal.
Quando vejo certas discussões inflamadas em nome da dupla Gre-Nal, com pessoas quase morrendo por clubes mal geridos, cheios de incompetentes e com jogadores medíocres ganhando milhões por ano, eu penso: não é possível que isso seja futebol profissional. Mas aí vejo amadores — com famílias, com emprego no dia seguinte — agredindo pessoas na mesma condição, e concluo que o problema é ainda pior.
Este texto não é indireta para ninguém. Mas se você defende com unhas e dentes que o esporte seja mais valorizado na nossa cidade, comece cobrando quem o pratica. Não é só o político que precisa evoluir.
Tem uma frase que gosto muito: “Quem muito advoga em causa própria geralmente tem um idiota como cliente.”
Está na hora dos esportistas entenderem, de verdade, o seu papel nesse processo. Aquela velha desculpa de que “os bons pagam pelos maus” não serve mais. Ou se isola os que desrespeitam as regras e se entende que competir é válido, mas dentro de limites — ou, daqui a pouco, nem o Carlinhos da Vila vai estar disponível para receber competições. E, sinceramente, não vou tirar a razão de quem tomar essa decisão.