Canela,

8 de agosto de 2025

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Polícia Civil gaúcha está entre as que possuem maior estrutura especializada no acolhimento às mulheres em situação de violência

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Em seis anos de existência, já foram criadas 91 Salas das Margaridas em delegacias do interior do Estado

Foi em agosto de 2019, na cidade de Santiago, que a primeira Sala das Margaridas inaugurou, mês da campanha do Agosto Lilás dedicado ao combate e prevenção à violência contra a mulher e ao aniversário da Lei Maria da Penha (que completa 19 anos nesta semana, dia 07/08). Desde então, o Rio Grande do Sul já conta com 91 Salas das Margaridas em delegacias do interior em uma das principais políticas públicas da Polícia Civil no enfrentamento à violência doméstica e familiar contra a mulher, de combate a revitimização, e também de acolhimento às vítimas e seus filhos. São espaços reservados e privativos, preparados para acolher e encorajar mulheres no processo de rompimento do ciclo da violência, onde são registradas ocorrências policiais e o pedido de medidas protetivas e demais ações que fazem parte da Lei Maria da Penha.

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A delegada Tatiana Bastos, diretora do Departamento Estadual de Proteção a Grupos Vulneráveis (DPGV), explica que o ciclo de violência é patológico, e se retroalimenta inúmeras vezes. “No Brasil, o tempo médio que a mulher sofre calada, e tolera atos de violência, é de dez anos. Ela chega muito fragilizada nessa tomada de decisão após um processo lento, doloroso, difícil. Por isso, este é o momento que a intervenção e o atendimento podem realmente salvar e mudar vidas”. Do outro lado, está o policial responsável pelo acolhimento desta vítima. Para tanto, ele recebe uma qualificação profissional e imerge em um processo de conhecimento dos ciclos de violência. Segundo a delegada, quem não compreende esta dinâmica, não consegue fazer um bom atendimento.

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Embora os atendimentos sejam prestados preferencialmente por uma policial do sexo feminino, a diretora do DPGV pondera que os homens também oferecem um excelente trabalho. “ O que significa que não é uma questão de sexo, nem de gênero, mas de perfil, de capacitação e também de estrutura emocional. Uma mulher adoece muito mais rápido num plantão policial, principalmente em atendimento a grupos vulneráveis (mulheres e crianças em situação de violência), porque são gerados processos de acionamento de gatilhos e identificação com aquelas violências. Ela ressalta também que neste processo há uma ressignificação da figura masculina para as vítimas que trazem experiências muito negativas e podem contar com a ajuda de homens cuidadores, que não possuem perfil de agressor.

Sala-conceito

A Sala das Margaridas possui um layout diferenciado em relação ao resto dos recintos da delegacia com o objetivo de trazer para esta sala-conceito uma identidade positiva, de força e resiliência. “A margarida é a flor mais resistente que temos, cada pétala que cai no solo gera uma nova flor, representando toda a beleza, mas também a força e a resiliência típicas do feminino. Além disso, a margarida é a flor do bem me quer, mal me quer que remete também ao ciclo da violência”.

Em todas as salas pelo interior do Estado, há as palavras respeito e proteção impressas na parede. Elas são direcionadas não só para a vítima, mas também para o policial começar um processo de descompressão, e assim oferecer o melhor acolhimento, em um atendimento empático e humanizado, respeitando o tempo do desabafo, no qual a mulher possa organizar suas ideias e dar vazão a sua angústia. “Essa sala lembra o policial da importância da escuta especializada”.

Informações: Polícia Civil