Esses dias recebi uma crítica de alguém que dizia mais ou menos o seguinte: “O Cabelinho não é confiável. Fica querendo pagar de isentão. Não se posiciona em questões como Lula e Bolsonaro, elogia e critica o governo atual, e até no futebol às vezes parece gremista.”
Vivemos numa época em que parece obrigatório ter opinião formada sobre absolutamente tudo. O problema é que não somos especialistas em praticamente nada, e as redes sociais deram voz a muita gente que não tem a mínima noção da realidade.
Então, se há guerra entre Israel e Palestina, o pessoal vira especialista em Faixa de Gaza. Se as temperaturas sobem, viram experts em aquecimento global. E assim vamos caminhando por política, sociologia, direitos humanos, religião, segurança pública e tantos outros temas — pertinentes ou nem tanto — à sociedade.
Um tema que se discute pouco é a educação. Deveria ser pauta diária o quanto o investimento nessa área é mal feito. Vivemos cercados de analfabetos funcionais e outras tantas pessoas que mal sabem diferenciar o “mas” do “mais”. Quando falo em educação, falo de estudar, de aprender e de conseguir se comunicar por meio desse aprendizado. E acabo falando também da falta de educação de quem não sabe conviver com o contraditório.
Então, se o Cabelinho faz uma crítica ao Bolsonaro, é petista, comunista, esquerdista enrustido e mais uma penca de adjetivos que os bolsonaristas adoram usar pra rotular quem fala do seu ídolo.
Se eu critico o péssimo governo que o Lula está fazendo (minha opinião, que fique claro), já vem o outro lado me chamar de extremista, defensor da ditadura, negacionista e outras pechas que também adoram distribuir.
Aqui na aldeia, se critico o atual governo, mandam eu me abraçar no Constantino. Se elogio, sou chapa-branca. Se não me posiciono, sou omisso. Se me manifesto, tenho lado definido.
Gostaria muito de saber em que mundo as pessoas acham que tudo precisa ser polarizado. Entendo que aqui no estado, com as questões Chimangos e Maragatos e o eterno Grenal, essa lógica do “nós contra eles” até parece normalizada. Mas existe vida além dos extremos — e, ao meu ver, ela é muito melhor assim.
Ah, sobre a dupla Grenal: a gente torce tanto pela desgraça do outro que, cada vez mais, vemos os outros se distanciarem da gente. É só um exemplo de como polarizar em todas as instâncias pode nos tornar mais medíocres.
Portanto, amiguinhos leitores, aprendam a conviver com o contrário e entendam que, às vezes, não somos obrigados a ter opinião formada sobre tudo. E, quando tivermos, ela não necessariamente vai refletir o que temos como norte na vida. Posso muito bem criticar o Inter e ser colorado. Todo apoio incondicional me constrange. Vale para futebol, política e outros temas que são discutidos desde uma mesa de bar até um plenário em Brasília.