Canela,

19 de setembro de 2025

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Chico

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Francisco Rocha

Você tem fome de quê? Você tem sede de quê?

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Parafraseando Titãs, que desde 1984 falam sobre “desejo, necessidade, vontade”, começo esta coluna para expor um pouco do que este repórter viu durante o período de uma semana.

Nestes sete dias, circulei por um incêndio, Cidica, CAPS, Prefeitura, Câmara, Estação Campos de Canela, Ginásio Carlinhos da Vila, ACIC e diversos outros locais, como os bairros Canelinha e São Luiz, abordando temas variados e que envolvem toda a comunidade.

Claro que sua necessidade hoje pode ser só um Dorflex (aqui falo por mim), mas em outras pontas da cidade a sede é, literalmente, de água na torneira — ou até mesmo de um banho.

Equipes de saúde mental se ocuparam do Setembro Amarelo, tema importante e que só ganha relevância para quem convive com os males das doenças psicológicas e psiquiátricas, ou perdeu um ente que acabou tirando a própria vida (os números de Canela são assustadores).

No que diz respeito à economia e turismo, empresários seguem apreensivos com o cancelamento de eventos e a falta de definições sobre o Sonho de Natal, enquanto os esportistas da cidade continuam tirando lascas de joelhos nos parquets soltos da quadra do nosso único “ginásio”.

Na área da segurança e da Justiça, a 2ª Vara de Canela segue com ações para minimizar a violência contra a mulher. Em pleno 2025, ainda há quem precise de aula sobre direitos iguais. Enquanto isso, o HCC suspendeu as visitas pelo aumento no número de casos de Covid.

Se eu juntasse estes temas e palavras e jogasse em uma inteligência artificial, criaria uma daquelas músicas fortes de crítica social, quase no estilo Carlinhos Brown: “livro pra comida, prato pra educação”.

Mas e você, tem fome de quê? Tem sede de quê? Qual a sua prioridade?
Uma consulta com especialista na fila do SUS ou a projeção na Catedral de Pedra?
Que o transporte público passe em frente à sua casa ou que o Parque do Palácio ganhe novos banheiros?

Em uma cidade com cerca de 50 mil habitantes, com problemas de todas as ordens, uma coluna de opinião ou uma letra de música seria raso demais para listar as dores variadas do canelense, seja qual for a classe social ou a sua ocupação. Esta agenda, esta lista de prioridades, nunca será só minha ou só sua (mas inclua aí um comprimido de dipirona com cafeína).

Uma única pessoa, uma cabeça apenas a raciocinar, nunca daria conta. É humanamente impossível. Fica claro que a solução para estes males não pode ficar centralizada. É responsabilidade de todos nós, mas, para isso, além da participação comunitária, é necessário que quem detém o “poder” abra espaço para que ela aconteça.

Toda construção começa pelo alicerce. Que possamos, em Canela, entregar o básico, bem feito, para depois chegarmos às grandes conquistas.

Agora vou ali tomar meu ansiolítico.
E você, tem sede de quê? Tem fome de quê?