Não é de hoje que Eduardo Bueno, o Peninha, arruma confusão envolvendo Canela e Gramado. Recentemente, o escritor foi tema de notícias que diziam que ele havia sido declarado “persona non grata” em Gramado. A Câmara divulgou nota à imprensa informando que ainda se trata de uma proposição, que não foi votada, mas, pela força que Bueno vem fazendo, vai se tornar persona non grata em mais locais, além do Legislativo.
Em um vídeo postado em suas redes sociais, no último domingo (28), Peninha ataca os vereadores e o prefeito de Gramado, empresários, vinícolas, a história e tudo mais que podia atacar, do alto de uma pseudoposição de historiador e único dono da verdade.
Sobrou para Canela também, alvo de diversos ataques, inclusive contra o prefeito e os vereadores.
É bom dizer que não estou aqui para defender nenhum político, nem de Canela, nem de Gramado. Eles têm mais tempo e recursos que eu para defenderem a si mesmos — e a direita também tem suas narrativas chatas e mentirosas. Mas preciso dizer ao leitor desatento que isso tudo faz parte de uma narrativa política e de uma tentativa de projeção.
O próprio Bueno pede para seus seguidores compartilharem seu vídeo. No fundo, é uma tentativa, como tantas outras, de se autopromover e, de quebra, promover uma narrativa política, que ele deixa sempre clara.
Eu não sei em quem você votou para presidente — e, de boa, não me importo. Existem verdades, aliás, a maioria delas, que extrapolam os campos políticos. O que não podemos é colocar toda uma comunidade no mesmo saco e dizer que aqui somos todos “fascistas”, “golpistas” e outros “istas” mais.
Quem conta um conto, aumenta um ponto
Como bom escritor, Peninha aumentou vários pontos no seu conto de fadas reverso sobre Canela e Gramado. “Canela, que recentemente agrediu indígenas”, disse ele.
Volto a dizer que aí está uma mentira. Eu estava lá, filmei e sei que não houve agressão nenhuma aos indígenas — muito pelo contrário.
E assim, aumentando os pontos para sustentar suas convicções, Peninha e outros tantos ignoram que aqui, em Canela e Gramado, existe uma população ordeira, que só está interessada em ganhar o pão de cada dia e passa longe dessas narrativas de escritório.
A vida da maioria dos moradores das duas cidades não é — e nem nunca será — parecida com a vida confortável dos políticos (tanto de esquerda quanto de direita) ou de Peninha, que nasceu em berço esplêndido (cuja família tinha casa em Canela, e sabe-se de diversas histórias por aqui).
A comunidade de Canela e Gramado merece respeito, senhor Eduardo Bueno, pois é ela que escreve, a duras penas, a história dessas cidades — histórias que, do alto de gabinetes de poder ou do intelecto apurado de um apartamento, não podem ser notadas e não têm voz.
E, sobre o futuro, resta dizer que a verdade sempre aparece.