Canela,

3 de outubro de 2025

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Cabelo

OPINIÃO FORTI

Márcio Diehl Forti

Curte, compartilha, comenta… e seja um pouco hipócrita também!

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Demorei pra escrever sobre um dos assuntos que dominou debates em grupos de WhatsApp, redes do tio Mark e conversas de boteco (de preferência sem destilados, por enquanto). Acho que a nossa geração adora se envolver em qualquer polêmica. Mas quando o assunto é alguém que domina o tema, a coisa muda de figura.

Claro que estou falando do genial, genioso e ao mesmo tempo infeliz Eduardo Bueno. Às vezes sigo a máxima do Boechat: “não dar palanque pra otário” — embora, nesse caso, de “otário” o Peninha não tem nada. Ele sempre se alimentou e capitalizou em cima de polêmicas, tretas e afins. Vou citar alguns exemplos, começando pelo mais recente, né?

Bueno começou celebrando a morte do ativista conservador Charlie Kirk com frases como “foi bom pras filhas dele” e “exceto quando é Charlie Kirk” — o que lhe rendeu um afastamento do Conselho Editorial do Senado, segundo o Valor Econômico. Não satisfeito, confessou (segundo matéria do Diário de Pernambuco) que jogou o carro contra cinco senhoras que protestavam a favor de intervenção militar, lamentando apenas que sua esposa o impediu de “completar o serviço”. E como cereja do bolo, admitiu ter jogado pedras em manifestantes no Parcão. Tudo isso enquanto embolsava R$ 3,27 milhões num contrato sem licitação com a Caixa Econômica Federal para atualizar dois livrinhos sobre a história do banco, como revelou o InfoMoney.

Mas Peninha não para por aí. Já declarou que figuras como Reagan, Thatcher, Médici e Olavo de Carvalho “não mereciam viver”. Sobre Bolsonaro, lamentou que no atentado de 2018 “faltou a viradinha da faca” — tudo isso documentado pela Gazeta do Povo. E se você achava que o sertanejo estava a salvo, pense de novo: Peninha chamou o gênero de “sertanojo” e acusou o agronegócio de ser uma “monocultura horrorosa” que financia artistas como se fossem “gigolôs de vacas”. Com esse currículo, talvez o próximo livro seja “Como arrumar treta em cinco atos”. E olha, ele já tem o prefácio pronto.

Eu mesmo discordo de várias situações em que ele reagiu dessa forma. Mas acredito demais que ele ama capitalizar em cima disso — como dá pra ver nos seus posts no Instagram. Posts que agora estão viralizando com reacts e supostas informações que ele dá sobre cidades que estão considerando torná-lo “persona non grata”. Em um dos vídeos, Peninha vocifera contra Gramado (e Canela vai de brinde), soltando impropérios e ameaçando, de forma velada, diversas pessoas.

Bueno cita, por exemplo, a atuação das forças de segurança aqui em Canela em relação aos indígenas que atuavam como camelôs até dias atrás. Com uma informação mentirosa, diz que eles foram covardemente agredidos enquanto vendiam sua arte ancestral. Todo mundo sabe que isso não é verdade — apesar de algumas pessoas da comunidade fomentarem o contrário. Interesse? Má-fé? Ideologia acima da realidade?

Não sei. Mas tenho propriedade pra falar, porque eu estava lá. Diferente de muitos que tentaram vender outra versão. Aliás, são as mesmas figurinhas carimbadas que vivem alimentando o escritor com suas “verdades”.

São essas figurinhas carimbadas da nossa região que curtiram, comentaram e compartilharam em grupos ou até mesmo no Instagram. Pessoas que ajudam o cara a incitar e atacar comunidades que trabalham, fazem seu corre e estão sendo prejudicadas em gênero, grau e número por acusações sem provas. A hipocrisia é linda por parte de muitos que corroboram com o escritor. São os mesmos que amam uma boca livre oferecida por empresários que foram ofendidos por ele — em eventos, jantares e festas. É a mesma turma que bate na porta desses empresários quando precisa de ajuda pra fomentar seu trabalho e suas ações sociais, que muitas vezes também têm um belo benefício próprio.

Peninha se vende também como um dos gremistas mais importantes para a mídia. Saudade como rival de ver o deboche inteligente do Paulo Sant’anna. Aliás, Eduardo Bueno também capitalizou bastante com sua “paixão tricolor”.

Longe de mim julgar quem tem relevância na parte de representante genuíno do meu rival, mas acredito que existam hoje pessoas bem mais interessantes para serem considerados como tais.

A realidade é que toda vez que um representante do povo, como fez o vereador Roberto Cavallin em Gramado, cria proposições como esta, ele está apenas alimentando o ego do historiador. É assim que ele funciona e é isso que ele procura. Torço, sinceramente, para que a Câmara de Canela sequer cite o nome de Eduardo Bueno em suas tribunas. É tudo o que ele mais quer!

E assim seguimos, mais uma vez sendo a plateia certa pra aplaudir o palhaço errado.