Canela,

1 de novembro de 2025

Anuncie

Cabelo

OPINIÃO FORTI

Márcio Diehl Forti

295 passos e uma vida

Compartilhe:

Alguns meses atrás, voltei a morar na parte central de Canela. Agora estou pertinho da casa dos meus pais. Exatos 295 passos me separam da porta do meu prédio até a casa onde eles moram há 40 anos.

Nessa minha curta caminhada, vêm à tona memórias e, claro, pensamentos intrusivos. Saio do prédio e passo pela casa da professora Tânia, onde jogava futebol no terreno da frente com meu amigo Otávio Franco e o irmão dele, Benício. Mais adiante, passo pela Imobiliária Theodomiro e lembro que o Theodomiro era um exímio jogador de sinuca. De frente, está o antigo Cine Teatro Marabá e aí me vêm à cabeça o Ivo Gordo, a sessão de As Aventuras de Chatran e os Festivais de Teatro.

Ando mais um pouco e lembro que a entrada da Forrageira já foi pela Prefeito João Alfredo. Lembro da dona Ely Jhan, da casa da dona Isolda Selbach e que meus primeiros amigos são os netos dela: o Gabriel e o Jair. E tem o Beto que veio morar em Canela porque o pai dele, o Vilson da Corsan, veio gerenciar a estatal por aqui. Naquele edifício, o Querência, tinha uma loja de skate: a Brutt. Que fim levou aquela família? A propósito, o Félix, outro grande amigo meu, morou no mesmo apartamento que o Beto, o 101. Aliás, aquele apartamento é gigante. Quantos metros quadrados será que tem?

Chego na casa do meu pai e lembro do tio Chico e da tia Polda jogando canastra na sala. Lembro do meu irmão cantando Oasis de manhã, enquanto eu só queria dormir depois de uma festa na Estação Z. Lembro da Lu cozinhando pra família, da minha mãe cantando enquanto meu irmão dedilhava o violão, e da minha outra irmã, a Cláudia, chamando meu pai de “bodão”. Éramos seis. Hoje somos cinco. E a vida, cheia de cicatrizes, sempre dá um jeito de seguir.

A Prefeito João Alfredo, ou rua do Banrisul, para os íntimos, segue. O Jair deu um jeito de seguir por alí e tem seu escritório de advocacia na rua. O Marcelo irmão dele está do lado, na Ernesto Dornelles. Algumas casas que citei já se foram. Algumas pessoas também. O Cine Marabá, a Forrageira e a Imobiliária Theodomiro ainda existem, mas foram pichados por algum engraçadinho que se acha artista. E aí fico pensando que, quando era piá, eu também aprontava. Com nove, dez anos, me reunia com alguns “artistas” e investia parte das economias em bombinhas no Webinha, ali na Osvaldo Aranha. Demos alguns sustos na vizinhança, mas prejuízo mesmo, quase nenhum.

Aí volto pra realidade e não quero acreditar que o pichador tenha 9 ou 10 anos. E já sei que ele fez isso em outros tantos lugares legais. Me bate outro tipo de pensamento: o da falta de educação, o do senso de injustiça, e o da tristeza, porque ele segue por aí. Andando por Prefeito João Alfredo, Osvaldo Aranha, Júlio de Castilhos e tantas outras. Espero, de coração, que ele em breve passe uns dias na Jahyr da Silva Veiga e consiga refletir sobre suas ações.

Hora de voltar pro meu apartamento. Mais 295 passos. Mas e o Inter, hein? Saudade do Fernandão!

Menos é mais

Não estou falando da banda de pagode que fez um senhor show na Oktoberfest de Igrejinha. Estou falando do que penso sobre o Sonho de Um Natal em Canela. Ninguém me perguntou e tá tudo certo. Mas se eu tivesse algo a opinar, diria que investiria pesado em decorações lúdicas e diferenciadas, daquelas que encantam quem chega na cidade.

Faria, claro, a tradicional descida do Papai Noel na igreja. Mas também apostaria em inserções artísticas espalhadas por pontos estratégicos de Canela durante todos os dias do evento. Aproveitaríamos nossos artistas locais, montaríamos cenários belíssimos pra fotos, e a cereja do bolo seria, de novo, a cultuada descida do bom velhinho na nossa Catedral.

Acredito no trabalho da Secretaria de Turismo e sei que a verba está curta este ano. Mas quem sabe uma mudança de rota não faça toda a diferença no nosso Sonho?

Falando em Sonho

E o Ginásio Municipal? Será que sai? Como estão os trâmites? Vai ser no Canelinha? A comunidade esportiva está feliz? Dúvidas, e mais dúvidas.