Canela,

25 de novembro de 2025

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Novos pedágios eletrônicos entre Gramado, Canela, Igrejinha e Taquara terão cobrança automática por trecho percorrido

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"É uma solução moderna, sustentável e que olha para o futuro do Rio Grande do Sul", disse Leite - Foto: Vitor Rosa/Secom

Sistema “free flow” será implantado nas principais rodovias da Serra, dentro do plano de concessões de R$ 12 bilhões anunciado por Eduardo Leite

Motoristas que circulam entre Gramado, Canela, Igrejinha, Três Coroas e Taquara devem se preparar para um novo modelo de pedágio. O governo do Estado confirmou que o sistema “free flow”, de cobrança automática por quilômetro rodado, será implantado nas rodovias da região como parte do Bloco 1 de concessões, que integra o pacote de R$ 12 bilhões em investimentos em estradas gaúchas apresentado pelo governador Eduardo Leite nesta terça-feira (28), em Porto Alegre.

O sistema substituirá as tradicionais praças de pedágio por pórticos eletrônicos, equipados com câmeras que identificam placas e tags veiculares, cobrando o valor conforme o trecho percorrido. Sem cancelas ou paradas, a promessa é de maior fluidez no tráfego, mas, na prática, os motoristas da Serra passarão a pagar para usar vias até então gratuitas — o que deve impactar diretamente os custos de deslocamento e turismo na região.

Cobrança por uso em vias regionais

As estradas mais movimentadas da Serra, como a ERS-115 (entre Taquara, Três Coroas, Gramado e Canela) e a ERS-235 (ligando Canela a São Francisco de Paula), estão entre as que terão o novo modelo de pedágio. A ERS-239, entre Novo Hamburgo e Rolante, e trechos da ERS-020 e ERS-474 também estão incluídos no projeto.

Com o free flow, o valor será proporcional à distância percorrida — o custo médio será de R$ 0,21 por quilômetro, subsidiado pelo Estado. Sem o aporte do governo, o valor seria de R$ 0,32. Embora o sistema traga mais tecnologia e elimine filas, o peso no bolso será inevitável: a partir da implantação, qualquer deslocamento dentro dessas rotas passará a ser tarifado, mesmo em pequenos trechos.

A seguir, a relação dos pontos previstos de cobrança nas rodovias da região da Serra e do Vale dos Sinos, conforme o projeto do governo estadual:

RODOVIA RS-239 (Novo Hamburgo – Riozinho)

  • km 18,7 – Novo Hamburgo (novo pedágio)
  • km 25,2 – Campo Bom (novo pedágio)
  • km 36,6 – Araricá (novo pedágio)
  • km 48,7 – Parobé (novo pedágio)
  • km 63,0 – Taquara (novo pedágio)

RODOVIA RS-235 (Gramado – Nova Petrópolis)

  • km 14 – Nova Petrópolis (novo pedágio)
  • km 29,9 – Gramado (será reposicionado)
  • km 52,9 – São Francisco de Paula (mantido no local atual)

RODOVIA RS-115 (Taquara – Gramado)

  • km 14,9 – Três Coroas (será reposicionado)
  • km 31,6 – Gramado (novo pedágio)

RODOVIA RS-474 (Rolante – Santo Antônio da Patrulha)

  • km 29,5 – Rolante (novo pedágio)
  • km 8,9 – Santo Antônio da Patrulha (será reposicionado)

RODOVIA RS-020 (Gravataí – Taquara – Igrejinha – São Francisco de Paula)

  • km 21,6 – Gravataí (novo pedágio)
  • km 40,7 – Taquara (novo pedágio)
  • km 59,4 – Igrejinha (novo pedágio)
  • km 78,5 – São Francisco de Paula (novo pedágio)

Região turística será fortemente impactada

A região de Gramado e Canela, com grande fluxo de turistas e trabalhadores que se deslocam diariamente entre as cidades, deve sentir os primeiros efeitos da cobrança ainda nos próximos anos. O governo estima que a concessão do Bloco 1 — que inclui 27 municípios — entre em vigor a partir de 2026, após o leilão previsto para o segundo semestre daquele ano.

Empresas do setor turístico e de transporte já demonstram preocupação com o repasse de custos aos consumidores, especialmente em períodos de alta temporada. O trajeto entre Canela e Igrejinha, por exemplo, usado com frequência por moradores e prestadores de serviço, passará a ter pedágio fracionado de acordo com o trecho percorrido.

Como vai funcionar o novo sistema

Os pórticos eletrônicos serão instalados ao longo das rodovias e farão a leitura automática da placa. O pagamento poderá ser feito por TAG de pedágio, aplicativo ou boleto enviado ao proprietário do veículo. A ERS-118, na Região Metropolitana, será a única exceção no bloco, sem cobrança de tarifa.

De acordo com o governo estadual, o modelo traz uma “maior justiça tarifária” — motoristas pagam apenas pelo que realmente utilizam. Na prática, porém, os custos fixos de deslocamento diário dentro da Serra — especialmente para trabalhadores que moram em um município e trabalham em outro — devem aumentar de forma significativa.

Cronograma

O projeto está em fase de consulta pública, com audiências previstas para novembro. O edital deve ser publicado no início de 2026, e o leilão das concessões está previsto para o segundo semestre do mesmo ano. A partir daí, as empresas vencedoras assumirão a operação das estradas, hoje sob responsabilidade da Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR).