Ao bom leitor que se engaja e busca soluções, nosso muito obrigado. Mas hoje precisamos falar francamente sobre a outra ponta: aqueles que escolheram a crítica como esporte principal em Canela.
Recebemos cobranças na Folha e nosso papel é ser o canal. Não é a primeira vez que escrevo sobre este assunto. A maioria destas pessoas deseja que nós usemos nossa audiência e o engajamento que construímos com trabalho duro para fazer o que elas, por comodismo ou covardia, não querem fazer pessoalmente. É fácil exigir que o outro se exponha para resolver um problema que o próprio crítico se recusa a encarar. Nossa empresa não é palco para a inação alheia.
Em geral, nestas críticas, surge a comparação com Gramado — seja no turismo, no esporte ou no andamento geral. Esta semana, em uma roda de conversa com autoridades e empresários, eu falei que a comparação com Gramado não serve para Canela. A cidade vizinha está ao menos duas prateleiras acima de todas as cidades do Estado. Ou seja, é uma comparação injusta e irreal.
Isso não significa que Canela não tenha defeitos e que a atual administração esteja fazendo o governo invejável que algumas redes sociais propagam. Existem muitas coisas que este jornalista não concorda. Quem conhece o trabalho da Folha sabe que muitas reclamações e denúncias nem chegam a virar matéria, desde que a secretaria responsável resolva o problema. Afinal, quando o leitor nos procura, ele quer resolver uma situação e, estando ela resolvida, a divulgação é acessória.
No entanto, nem todas as cobranças buscam a solução prática. Ao lado do leitor que busca o reparo, há aqueles que querem reclamar por reclamar, tocar fogo no parquinho. Algumas pessoas agem assim porque gostam; outras, em busca de projeção pessoal ou política.
É aqui que a crítica se torna não apenas vazia, mas irresponsável. Muitos destes críticos são mestres em apontar falhas, mas ausentes quando o assunto é arregaçar as mangas: não apoiam uma ação social, não se tornam parceiros de uma entidade, não geram um único emprego e não impulsionam nada de concreto. O direito à crítica não nos dá o direito à preguiça cívica. Falar é fácil. Queremos ver o que foi construído com essas palavras.
Eu, pessoalmente, prefiro me engajar em uma área e ajudar a melhorar aquele serviço. Há quem critique o nosso serviço aqui na Folha, mas vale lembrar que somos uma empresa privada. Não somos um órgão público. Chegamos aqui pelo nosso trabalho e pela nossa credibilidade.
Seria mal-educado se eu dissesse para uma dessas pessoas que simplesmente basta não ler as nossas notícias. Afinal, não obrigamos ninguém. Mas também não seria deselegante neste ponto.
Nossa linha é clara. Preferimos, no esporte, divulgar as potencialidades canelenses, que não são poucas. No turismo, mostrar tudo de bom que nossa cidade oferece e, na política, cobrar no tom certo e mostrar exemplos que funcionaram em outros municípios para melhorar o que temos aqui.
É fácil trabalhar em Gramado, gerar renda lá, comprar em Gramado, jogar em Gramado, elogiar Gramado e, no tocante à Canela, só apontar defeitos, talvez porque esse comportamento já tenha lhe rendido portas fechadas em alguns espaços públicos. E olha: nós aqui na Folha não temos nenhum apoio de empresas gramadenses. Seria muito fácil criticar a cidade vizinha para entrar no hall daqueles que recebem publicidade por lá.
A Folha já fez a sua escolha. Nós preferimos o engajamento ativo, divulgar potencialidades, cobrar com propósito e mostrar o que funciona. Não vamos ser o megafone de quem só quer incendiar o debate sem oferecer um balde de água para ajudar a apagar o fogo.
Quem reclama e cobra a reclamação alheia, afinal, é da turma que empurra Canela para frente ou da que puxa para baixo?