Canela,

15 de janeiro de 2025

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Chico

360 GRAUS

Francisco Rocha

Por qual motivo um vereador com menos votos se elege e um com mais votos não?

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Entenda a “proporcional” da Câmara e veja palpites de números para esta eleição

O eleitor tem dificuldade de entender o cálculo que distribui as cadeiras na Câmara de Vereadores e, de fato, ele é bem complicado. Na última eleição municipal, por exemplo, dois vereadores se elegeram pela sobra.

Jerônimo Terra Rolim – PDT (512 votos) e Carmen Seibt de Moraes – PSDB (470) foram eleitos, mas três vereadores do MDB (Leandro Gralha – 560 votos, Artur Pacheco – 557 votos e Mário do Ipê – 520), foram melhores que eles. No caso de Carmen, Roberto Danany – 473 votos, também do MDB, fez mais votos, ainda, que ela.

Mas por que isso acontece? Porque a lei, a regra eleitoral é assim, as vagas são dos partidos e não dos vereadores, obtidas pela legenda que fez mais votos.

Para entender o cálculo, é necessário pegar o número de votos válidos (sem as abstenções e aqui contam os brancos e nulos) e dividir pelo número de vereadores, que em Canela é 11. Este é o quociente eleitoral.

Assim, chegamos ao primeiro corte, para colocar um vereador, cada partido tem que fazer pelo menos o quociente eleitoral. Em 2020, foram 23.803 votos válidos, o que fez com que cada partido tivesse que ter, ao total, na soma para todos os votos para vereador e legenda, pelo menos 2.164 votos. A cada vez que os partidos alcançaram este número, garantiram uma cadeira.

Em 2020, o MDB garantiu 5 cadeiras assim, o PDT 2, o PSDB uma e o Republicanos uma. Só que aqui tem mais uma regra, estes vereadores precisariam ter, pelo menos 10% do quociente eleitoral, que seriam 216 votos. Já de cara, todos os candidatos que não atingiram essa marca, ficaram de fora do páreo.

Em 2024, são 35.384 eleitores. A média histórica de abstenções em Canela é de 27%, restariam cerca de 26.000 votos válidos. Seguindo este raciocínio, neste ano, quem fizer menos de 260 votos nem entra na briga.

Mas e o Jerônimo, que se elegeu com menos votos que o Gralha? Bom aí vem a segunda fase, a das médias. Nesse caso, é feita uma espécie de repescagem por meio do cálculo da média, que vai determinar quem ficará com essas vagas, também chamadas de sobras.

É preciso dividir a quantidade de votos válidos que o partido recebeu (total da legenda) cargo pelo quociente partidário, que corresponde ao número de cadeiras na Câmara já obtidas pelo partido, acrescido de 1.

Quanto mais vagas um partido já obteve, mais diminui a sua média, e é aqui que candidatos com menos votos entram e outros com mais votos saem fora, porque é o voto do partido/legenda que conta primeiro, depois o dos vereadores, os mais votados de cada partido vão ocupando as vagas conquistadas.

Em 2020, Carmen e Jerônimo entraram pela média.

Mas, se ainda assim todas as vagas não forem preenchidas, vem a sobra das sobras, que neste ano tem uma novidade. Os partidos que não alcançaram o quociente partidário podem participar da última fase e nesta sobra o candidato tem que ter mais de 10% do quociente eleitoral, no nosso cálculo para 2024, mais de 260 votos. Vale destacar que em 2020 somente 30 candidatos ultrapassaram essa barreira dos 260 votos.

Esta novidade de 2024 pode fazer que partidos com, tradicionalmente, menos votos em Canela, como o PT ou o PL, ou até mesmo os que estão estreando em eleições, possam garantir uma cadeira na Câmara de Vereadores.

Será?

Outros palpites do colunista

Historicamente, Canela tem média de 27% de abstenção, aquele eleitor que não vai votar e depois se justifica com a Justiça Eleitoral.

Acredito que este número caia em 2024, nem que seja um pouco, talvez 25%. Em 2020 tivemos a pandemia, forçou as pessoas a ficarem em casa. Tem ainda o fator de ser uma eleição polarizada, o que talvez motive jovens e idosos, não obrigados a votar, a irem até a urna. Assim, poderemos ter até 27.000 votos válidos.

Eleição dos indecisos

Por lei, não podemos dar números de pesquisas e enquetes que não sejam registradas na Justiça Eleitoral. O que posso contar aos meus eleitores é que em todas, TODAS, as pesquisas e enquetes que vi até agora, o número de indecisos ultrapassa o voto dos candidatos.

Uma boa oportunidade para quem tem 45 dias de campanha pela frente.