Canela,

21 de novembro de 2024

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OPINIÃO FORTI

Márcio Diehl Forti

Coluna Opinião Forti: O Derrotado

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Dentro da prefeitura de Canela, o clima é de fim de festa. Diversas pessoas já começam a desembarcar, aproveitando novas oportunidades; secretarias estão mudando e, inclusive, neste momento, o atual mandatário está de férias, tendo delegado a outras pessoas o início da transição entre o atual governo e o futuro, eleito no dia 5 de outubro.

Em quatro anos, você pode fazer muita coisa. Pode constituir família, consagrar um negócio, mudar de país, mudar de ramo, quebrar e se reerguer. É muito tempo. Você pode ir do inferno ao céu, e o contrário também pode acontecer. Como é semana de clássico, vou dar um exemplo — e, me perdoem os gremistas, vai ter que ser do lado azul da força. Não levem para o pessoal. Em novembro de 2017, o Grêmio vencia pela terceira vez a Libertadores da América, credenciando-se para disputar uma final de mundial contra o todo-poderoso Real Madrid. Jogadores como Luan, Kannemann e Geromel cravavam seu nome na história do futebol. Apenas quatro anos depois, em 2021, o mesmo Grêmio seria rebaixado no Campeonato Brasileiro com um grupo de jogadores considerado ótimo, que ainda contava com a dupla de zaga histórica em suas escalações. Romildo Bolzan, incensado como um dos melhores presidentes da história do Tricolor Gaúcho, chegava ao fundo do poço após ter atingido o topo.

Vamos para a nossa realidade. Em 2020, uma eleição óbvia entregou a Constantino Orsolin 80% dos votos. Consagração após um mandato considerado exemplar pela maioria das pessoas. Seriam mais quatro anos de crescimento e contínuas melhorias em diversos setores da prefeitura. Educação integral, hospital sendo repaginado, ruas reformadas, eventos acontecendo, tudo de acordo com o que a comunidade imaginava. Aí começou a queda. Canela começa a aparecer nas páginas policiais, pessoas começam a ser afastadas. O governo, que parecia ser controlado por Constantino, começa a fazer água. Declarações equivocadas, escolhas questionáveis e a negação de uma realidade que se apresentava nua e crua ao prefeito.

Orsolin seguiu afirmando que reelegeria seu sucessor e que seria o homem forte dentro da prefeitura. Tipo o Eurico Miranda no Vasco, já que citei futebol.  Após algumas disputas internas, conseguiu alinhar a candidatura de Marcelo Savi à cadeira de prefeito. Mas seu partido nunca pareceu unido. Constantino seguia afirmando que daria as cartas, mas a prefeitura já não funcionava nada bem. Se internamente a situação era complicada, nas ruas, a insatisfação aumentava. E não era só no centro, como se afirmava. Bairros reclamavam, o povo clamava por melhorias nos postos de saúde e no hospital. Quando se fala em saúde, a cidade, em alguns momentos de 2024, parecia abandonada. O resultado das urnas foi a pá de cal em um nome que, sim, sofre uma dura derrota: o prefeito por três mandatos, Constantino Orsolin. Seu partido se perdeu, seu candidato não conseguiu superar uma rejeição que foi crescendo ao longo dos quatro anos. Essa é a realidade. Se o ainda prefeito vai voltar à vida pública? Não sei. Romildo Bolzan pode não voltar ao Grêmio, mas foi eleito pela quarta vez como prefeito de Osório. O mundo político (e o do futebol se inclui) não é feito de verdades plenas.

Já diria a grande Dilma
“Não acho que quem ganhar ou nem perder, nem quem ganhar nem perder vai ganhar ou perder, vai todo mundo perder.”

A frase sem pé nem cabeça cabe bem na campanha do Progressistas. De início, pensava-se que poderiam se incorporar à chapa de Gilberto Cézar, que foi eleita. Depois, chegou-se a cogitar uma formação com a enfermeira Cristina como vice de Marcelo Savi. Ao fim, definiu-se uma chapa pura que começou tentando se vender como terceira via e acabou virando uma metralhadora contra o candidato eleito pela coligação “Canela Vai Vencer”.

O PP poderia ter sido humilde, dado um passo atrás e, ao menos, voltado a ter uma cadeira no Legislativo. Não precisaria nem abrir voto para qualquer candidato ao Executivo. Cristina tem um capital político interessante, e o partido, uma bela história na cidade. Ficaram de mãos abanando e ainda tiveram momentos constrangedores no final do pleito. A atuação do partido foi tão ruim que, se tivesse colocado uma chapa inteira de candidatos (foram 11 ao invés de 12), teria feito ao menos uma cadeira na Casa do Povo. Que a executiva do partido reflita sobre tudo e entenda que o resultado dessas eleições passa por uma verdadeira renovação e pelo abandono de ideias retrógradas que não pegam mais. Uma pena, mais uma vez, o partido não ter representação na câmara. E isso se deve muito às péssimas escolhas feitas durante o período eleitoral.