Canela,

29 de junho de 2025

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Leo de Abreu

VIRE O MATE

Leo de Abreu

Cantigas de pertencimento

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Cantigas de beira de rio
Onde mora um eu inteiro
Valseados de água mansa
Chamames em bufos de rio cheio

Sei que pra um lado de lá
Onde um dia também vou
Também quero cantar nas margens
O que nunca silenciou

Tem um peso na coplita
Que simples trago comigo
Por quem aqui já passou
E ainda é meu amigo

Vendo a margem de cá
Sei do meu rastro e caminho
Mais adiante dos meus olhos
Meu canto nunca é sozinho

Somos aquilo que fica
Nas águas em redemunhos passando
Porque a vida imita um rio
E permanecer, é contrabando

Pesqueiro de versos livres
Onde a alma quer estar
Um pertencimento barranqueiro
A voz dos que já não podem cantar

Transcende o tempo que habita
Sem medidas de rico ou pobre
Reconhece aos seus
Até que a travessia a vida cobre

Barranca do Rio Uruguai, semana santa de 2024.