O que salva uma vida ou evita uma tragédia não é o vídeo. É o socorro, comunique as autoridades!
Enquanto uns apanhavam, outros gravavam.
Enquanto o pau cantava no Centro de Canela, ninguém ligava para a polícia. Mas o celular, esse estava a postos — para filmar, postar e comentar. Depois, nas redes, a revolta: “Cadê a Brigada?”, “Cadê a polícia?”. A resposta é simples: ninguém avisou.
Nos últimos dias, circulou por grupos e páginas locais um boato grave: que adolescentes estariam atacando idosos e outros jovens na cidade. Falava-se em gangues, em onda de violência. Nada disso se confirmou.
A Folha de Canela, através da seção Fact Check, foi atrás da verdade: nenhuma ocorrência nesse sentido foi registrada pela Brigada Militar ou pela Polícia Civil.
O que houve, de fato, foi uma briga feia entre adolescentes, na madrugada de sábado, no Centro. Um caso isolado, com um único boletim de ocorrência por tentativa de agressão. E só. O restante foram postagens na rede social, alimentadas por vídeos — e pela omissão de quem preferiu filmar a agir, sem entender que precisava agir ou acreditando que este não era um problema seu!
A cultura do like e a omissão disfarçada de indignação
Estamos formando uma geração (e não só de jovens) que se sente mais confortável em postar do que em ajudar. Gente que, diante de uma situação grave, abre a câmera antes de abrir o discador. Que se sente “ativa” por comentar no Facebook, mas não tem coragem de ligar 190.
Isso não é engajamento. Isso é omissão.
E pior: ao compartilhar essas imagens com legendas falsas e sensacionalistas, você não está informando. Está espalhando pânico. Está ajudando a desinformar.
O papel da imprensa — e o dever da comunidade
Cabe ao jornalismo, como sempre, o papel de ir atrás da verdade. De separar fato de boato. De trazer contexto, dado, responsabilidade. Depois, comentam nas redes sociais que a imprensa é omissa, por não concordar com a postagem sensacionalista ou que pretende esconder os fatos.
Sei que esta coluna é direta, dura e combativa. Mas, ponha a mão na consciência: será que a omissão vem mesmo da imprensa?
Há algo que a imprensa não pode fazer por você: ligar para os serviços de emergência quando a situação exige. Isso é papel da comunidade. Isso é dever de qualquer cidadão decente.
Na próxima vez que você ver uma situação grave, não saque o celular para gravar. Saque para LIGAR.
Porque, no fim, o que salva uma vida ou evita uma tragédia não é o vídeo. É o socorro.
Para quando for de verdade
Canela não é uma cidade violenta. Mas isso não significa que estamos isentos de riscos. É justamente por isso que, quando houver algo sério acontecendo, a população precisa saber como agir — e agir rápido.
Alguns números dos órgãos de segurança mudaram e vamos reforça-los aqui.
Abaixo, seguem os números de emergência de Canela. Salve no seu telefone. Compartilhe com amigos e familiares.
Se não quer ligar, mande uma mensagem, ou até vídeo no WhatsApp. E lembre-se: antes de postar, ligue.