Canela,

13 de junho de 2025

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“Vitória, me perdoa”: campanha em Canela expõe manipulação emocional no ciclo da violência contra a mulher

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Faixas instaladas pelo Fórum escancaram a tática da reconquista pós-agressão e alertam para o risco do feminicídio

Uma faixa com a frase *“Vitória, me perdoa. Tudo o que eu faço é só para te proteger. Volta pra mim”, instalada nesta semana em frente ao **Fórum de Canela, virou o centro de uma importante discussão local: *a manipulação emocional no ciclo da violência contra a mulher.

A mensagem faz parte de uma *campanha de impacto, promovida pela *Casa Vitória em conjunto com a *2ª Vara Judicial da Comarca de Canela, especializada em casos de violência doméstica. A ação tem como principal referência a atuação da *juíza Simone Chalela, idealizadora da Casa Vitória e responsável por conduzir a iniciativa.

Juíza Simone Chalela

As faixas, que serão realocadas ao longo do mês de maio em pontos estratégicos da cidade, como forma de ampliar o alcance da campanha, trazem frases comuns da chamada fase da “lua de mel” no ciclo da violência — período que sucede a agressão, quando o agressor pede perdão, promete mudar e tenta reconquistar a vítima.

“Depois da agressão — seja física, psicológica, sexual ou patrimonial — vem o arrependimento, os presentes, as promessas. Mas a verdade é que o ciclo tende a se repetir. Nosso alerta é: não volte. Dê um basta antes que seja tarde demais”, enfatiza a juíza Simone Chalela.

A escolha do nome Vitória é simbólica, mas carrega um peso real: é também o nome da *casa de acolhimento a mulheres vítimas de violência doméstica, fundada em 2021 em Canela. A Casa Vitória já *acolheu mais de mil mulheres em situação de risco e é referência regional no atendimento humanizado e sigiloso.

A campanha chega em um momento crítico. Em 2025, Canela já registrou *uma tentativa de feminicídio, e apenas no feriado de Páscoa, *dez mulheres foram assassinadas no Rio Grande do Sul em crimes com características de feminicídio.

“É revoltante que ainda tenhamos que falar sobre isso. Mas precisamos. Precisamos enfrentar a cultura da violência e as narrativas manipuladoras que colocam a culpa nas vítimas”, reforça a juíza.

A campanha seguirá durante todo o mês de maio, com ações visuais, educativas e mobilização da rede de proteção. A mensagem é clara e direta:
#NãoVoltaVitória. Porque proteger é respeitar, não controlar.