O Xis formado na esquina da RS 235 com a Rua Getúlio Vargas é o principal problema do fluxo de veículos no centro da cidade
Quem vive em Canela, ou passa com frequência por aqui, já sabe: transitar pela cidade, principalmente nos horários de pico ou em dias de obras, virou quase um teste de resistência. E não estamos falando só de temporada. O problema se agrava há alguns anos e, na última semana, ganhou novos capítulos com obras simultâneas da Corsan, da Operação Poste e da Sulgás.
O resultado? Um caos. Para quem precisa sair do Centro de Canela rumo a Gramado ou acessar bairros como Vila Suzana, Santa Marta, Vila Dante ou condomínios como Laje de Pedra e Reserva da Serra, as opções são poucas.
Apenas três vias fazem essa conexão: Rua Danton Corrêa da Silva, Avenida Osvaldo Aranha e Rua Tenente Manoel Corrêa. Não há alternativa mágica. Quer sair? Tem que passar por uma delas. Depois de vencer esse primeiro desafio, até é possível buscar rotas diferentes pela Vila Suzana e Caracol.
Mas, para os lados da Santa Marta e condomínios, o gargalo volta a aparecer logo adiante, na RS-235. Na última semana, uma situação chamou atenção: um trecho de pouco mais de 100 metros, na Rua Augusto Pestana, levou cerca de 20 minutos para ser percorrido. Da esquina com a Rua Dona Carlinda até a Rua Paul Harris, o trânsito simplesmente não andava. E isso foi só um dos pontos críticos. Em outros locais, especialmente nas proximidades das escolas, moradores relataram quase uma hora de congestionamento.
Não é só geografia. É também cultura. Canela possui mais de 36 mil veículos emplacados no município. Some os veículos de turistas e carros de serviço (ônibus, vans, veículos de empresas, emplacados fora de Canela, mas que por aqui transitam) a conta passa de 50 mil.
Nós, moradores, temos o hábito de sempre usar as mesmas vias principais. Poucos se aventuram por rotas alternativas, mesmo quando elas existem. É claro que a solução definitiva para esse problema passa por planejamento urbano, investimentos em infraestrutura e, quem sabe, a criação de novas vias no futuro. Mas também passa, agora, por diálogo, organização de trânsito e cronograma de obras.
Canela cresceu. A frota de veículos cresceu. O turismo explodiu. E os gargalos urbanos, que antes eram problema de feriadão, agora viraram rotina. O desafio é grande. Mas, precisamos encontrar caminhos – e não apenas os da cidade, mas os que levem a soluções mais duradouras.
Semáforos, mão única e novas estradas?
O principal gargalo da mobilidade urbana de Canela hoje tem nome, endereço e ponto de encontro: a Rua Getúlio Vargas. É ali que tudo se cruza – literalmente.
Quem segue pela RS-235 e precisa acessar os bairros ao norte da cidade, como São Luiz ou Vila Boeira, passa por lá. Quem vai para a parte leste, como a Canelina, idem. Quem quer seguir rumo à Santa Marta, Vila Dante ou até Gramado… também.
O que temos na prática são dois grandes “X” viários (como mostra a imagem que acompanha essa coluna): o primeiro, formado pelo cruzamento da RS-235 com as Ruas Getúlio Vargas e Tenente Manuel Corrêa. O segundo, logo adiante, no entroncamento da Getúlio Vargas com a Rua Altenor Telles de Souza.
São pontos que concentram não apenas o fluxo local, mas também o trânsito de passagem, os turistas, os moradores, os veículos escolares e comerciais. E quando há obra ou acidente? Tudo trava.
Conversei com o secretário Municipal de Trânsito e Fiscalização, Adriel Buss, por mais de uma hora. Ele relatou que a Prefeitura trabalha em soluções a curto, médio e longo prazo.
A curto prazo, o projeto, orientado por um engenheiro de tráfego, prevê a mudança de sentido de algumas vias. A médio prazo, uma intervenção no cruzamento entre o pé de galinha formado pela Getúlio Vargas, Tenente Manuel Corrêa e a Altenor Telles de Souza.
Ao longo prazo, a criação de uma rota alternativa, ligando o norte e o leste do Município (São Luiz, Vila Boeira e Grande Canelinha) com a RS 466 (Estrada do Caracol). Outra rota alternativa estudada é a ligação da RS 235, na altura do Hotel Pampas, com o Maredial e, posteriormente, com a Santa Terezinha.
Há uma certeza em todos os estudos, os semáforos não vão resolver o problema. As soluções possíveis passam por várias frentes, e todas com um grau de complexidade. As propostas podem até descontentar alguns comerciantes, que não gostariam de mão única em frente aos seus estabelecimentos, até moradores de bairros de alto padrão, que se sentem incomodados com a possibilidade de trânsito pesado passando em frente às suas casas.
Mudanças causam descontentamento, mas, diante do quadro atual, é necessário agir para beneficiar toda a cidade, não apenas em contentar alguns locais ou interesses. A Prefeitura deverá ter a coragem para promover essas mudanças, inclusive enfrentando a resistência interna (controle ambiental e conselhos municipais, que mais pensam nos seus umbigos que no bem comum).
Canela precisa pensar grande. Precisa planejar. Precisa agir, porque o que hoje é um incômodo de 20 minutos na fila, amanhã pode virar um colapso diário que afeta a economia, o turismo, a qualidade de vida e a segurança de TODOS!

