Lá estava eu, como de costume, acompanhando a sessão da Câmara de Vereadores na segunda-feira, quando o vereador Roberto Mauro Grulke, durante seu espaço, lamentou que quase 150 pessoas foram descredenciadas do Bolsa Família. Segundo ele, “Canela perde com esses valores que poderiam aquecer a economia”. Olha… salvo se essas pessoas morreram (o que espero sinceramente que não tenha acontecido), não dá pra chamar isso de notícia ruim.
Se a maioria delas parou de receber o benefício, é provável que tenham se recolocado no mercado de trabalho. E aí, em vez de um auxílio que cobre só o básico, passam a ter salário de verdade, o que de fato movimenta a economia e melhora — com gosto — a qualidade de vida. Pode também ter havido erro de cadastro, gente que não se encaixa mais nos critérios ou até casos de fraude (que, convenhamos, não são poucos). Canela tem um percentual altíssimo de inscritos no programa. Então, quanto mais gente saindo dele, melhor pra todo mundo.
Agora, entendo o vereador Grulke. O perfil dele — assim como o do vereador Alberi Dias — é mais voltado ao assistencialismo. E tudo bem, representatividade importa, especialmente numa casa que precisa ser plural, como a Câmara. Mas os vereadores precisam cuidar pra não se perderem no personagem. Dias atrás, ambos falavam sobre o momento econômico da cidade, e Alberi soltou que quem vive na área central tem condições de “aguentar” as abordagens que tanto incomodam moradores e comerciantes, graças ao “poder econômico” da região.
Pois então. Dá a impressão de que ele não anda por ali faz tempo. São dezenas de salas comerciais às moscas, esperando algum corajoso pra empreender. E quem leva o negócio a sério e faz análise de risco inclui, sim, fatores como comércio ilegal e abordagens inconvenientes no plano de negócios. E aí, meu amigo, o cálculo pode não fechar. Certos discursos merecem mais responsabilidade. Até porque, hoje em dia, tudo fica gravado.
Solução à vista?
Entrevistamos o chefe do Departamento de Trânsito, Fiscalização e Transportes, Márcio Sauer Dias, na Rádio Clube, no programa Grande Jornal Regional. O Márcio — que quando cidadão comum era um dos que mais reclamavam do camelódromo ao lado da Igreja — agora, como autoridade responsável por resolver esse tipo de situação, está sendo (com toda razão) bastante cobrado.
Durante a entrevista, foi firme e direto: disse que o caso será resolvido, com prazo definido — agosto deste ano. Segundo ele, o tratamento que estão dando não é paliativo, e sim definitivo. Sobre as abordagens no entorno da igreja e nas ruas centrais, avisou que a nova legislação entra em vigor nos próximos dias. E aí, meus caros, não vai mais ter desculpa. Vamos aguardar.
Torcida
Essa semana, alguns amigos ligados à antiga gestão me perguntaram por que eu não “bati” tão pesado no governo atual quanto fazia com o MDB. Respondi que quem apanha não esquece, né? Porque, durante muito tempo, elogiei bastante o governo Constantino — bem mais do que critiquei, diga-se. Mas os anos finais da gestão foram fracos, e aí a memória seletiva faz seu trabalho.
Hoje critico o que acho que precisa melhorar no governo Gilberto Cézar: problemas na saúde, algumas ruas em estado lamentável, esporte sem investimentos, a não realização do Ofício de Trevas, o drama do camelódromo, e por aí vai. Mas também reconheço acertos, e em seis meses vejo avanços consideráveis. Tem que elogiar quando merece.
É só o começo. Virão tropeços e vitórias. E eu? Continuo na torcida pra que haja mais glórias. Torço sempre pelo melhor pra Canela — e vou sempre preferir elogiar. Como fiz nos governos do PP e do MDB. Quando não der, aí a crítica vem. Faz parte do jogo. Especialmente pra quem está com a caneta na mão.
A Celeuma do novo Quartel dos Bombeiros
Essa semana mais um capítulo da novela do novo Quartel dos Bombeiros aconteceu. Na câmara alguns vereadores cobravam mais senso de urgência do governo na finalização da obra. A real é que ao final de tudo quem padece é a população. Mas foi muito bem na sua manifestação o vereador e presidente da casa, Felipe Caputo. Existem trâmites legais a serem seguidos. Não se pode passar por cima disso. Jogar pra torcida é fácil, mas a realidade aponta pra um caminho sinuoso. Existem várias pontas a serem amarradas, inclusive com a empresa responsável pela obra. Caputo foi didático ao apontar que o “vai lá e faz, depois a gente vê”, não pode mais ser tolerado.