A recente operação da Polícia Civil, com reflexos no loteamento Recomeçar, no bairro São Lucas, revela uma verdade incômoda, mas urgente: quando o Estado não ocupa o seu espaço com critérios, fiscalização e presença efetiva, o crime se encarrega de ocupá-lo por conta própria.
A ação da polícia, que impediu a instalação de uma célula criminosa no recém-inaugurado loteamento, foi necessária — e, infelizmente, previsível. O local foi pensado para abrigar famílias carentes. Foi escolhido como soluções para aquelas atingidas pelos eventos climáticos de 2024, mas entre os desabrigados estavam também criminosos já conhecidos das forças de segurança. Essa falta de triagem, de planejamento e de acompanhamento revela mais do que falhas operacionais: mostra a ausência de uma política habitacional responsável, voltada a proteger os vulneráveis, não a realocar o problema.
Não é a primeira vez que isso acontece. Em Canela, os loteamentos Recomeçar e Renascer surgiram com o discurso da esperança — nomes que sugerem dignidade, superação e reestruturação. Mas na prática, recomeçar virou sinônimo de “reinstalar o problema em novo endereço”, pago com dinheiro público. E quando o loteamento nasce com traficantes entre os primeiros moradores, fica claro que algo deu muito errado antes da casa ser entregue.
A comparação com casos da Região Metropolitana não é exagero. Em situações emergenciais, como enchentes, vimos facções dominarem abrigos, organizarem a ocupação dos espaços, controlarem a entrada de alimentos e, por fim, imporem a sua própria “ordem”. Não se trata de criminalizar a pobreza — longe disso. Mas sim de reconhecer que, entre os desabrigados, também há criminosos, e ignorar isso é romantizar o caos.
Durante o período em que parte dessas pessoas ficou abrigada em pousadas de Canela, foram registradas ocorrências de tráfico, violência contra mulheres e até estupro de vulneráveis. Agora, muitas dessas mesmas pessoas foram realocadas no Recomeçar, sem qualquer critério público transparente. O resultado? Uma operação policial já nos primeiros dias de ocupação.
Enquanto isso, famílias honestas, que há anos vivem em áreas de risco ou pagam aluguel com sacrifício, seguem sem acesso a políticas habitacionais sérias, enquanto faccionados são alocados em casas com recursos públicos. Em que momento perdemos o senso de prioridade? Em que momento o Estado apertou o botão do “dane-se”?
O crime sempre soube onde se instalar. A omissão do poder público ajuda a pavimentar esse caminho. Não basta entregar casas. É preciso entregar futuro, segurança, oportunidade. E isso começa com critério. Com responsabilidade. Com fiscalização. Recomeçar, sim — mas para quem realmente quer construir, e não destruir.
Por fim, Parabéns ao trabalho da Polícia Civil de Canela, que por muito tempo vem fazendo o trabalho pesado que a Prefeitura não consegue, não quer ou não tem a coragem de fazer. E, em tempo, não é uma crítica a esta ou aquela administração, é uma crítica ao sistema, que não faz questão de funcionar.
É de Canela!
Parabéns ao Prefeito Gilberto Cezar, por garantir a permanência do Parque do Palácio em posse e propriedade do Município.
Lá no caderninho de promessa de campanha, pode colocar um “check”, ao lado.
A comunidade de Canela agradece! Aí que eu me refiro!