O troféu de campeão de reclamações das últimas semanas tem um novo dono. Depois das filas nos postos de saúde, do Hospital de Caridade, depois da CORSAN — que segurou o cinturão da vergonha por semanas — e da gloriosa dobradinha RGE + EGR, surge uma nova liderança no ranking da indignação popular: a sumida categoria dos fiscais de trânsito, carinhosamente apelidados de “azuizinhos”.
Antes de mais nada, deixo claro: a Secretaria de Trânsito, Fiscalização e Segurança tem feito um bom trabalho. O secretário Adriel Buss vem, com justiça, recebendo elogios por diversas ações realizadas até agora em Canela. Mas, convenhamos, nem tudo são flores — e esse jardim aí precisa de um cuidado.
Desde segunda-feira, a cidade virou um grande estacionamento engarrafado. A Paul Harrys, na descida pra Tenente Manoel Correia, tá um inferno. A Augusto Pestana, a Antenor Teles de Souza, toda a extensão da Tenente, boa parte do Vila Suzana… todas congestionadas. E a central Osvaldo Aranha, então? Só falta virar atração turística: “Conheça a avenida onde o carro não anda!”
E aí, claro, chovem mensagens nos canais das empresas, nas redes sociais, no WhatsApp da tia, do vizinho e até no grupo do condomínio:
“Cadê os azuizinhos?!” E a pergunta é justa.
Acredito, sim, que estejam por aí, cumprindo tarefas, ou que o efetivo esteja reduzido. Mas não dá pra fingir que está tudo certo quando ninguém aparece pra dar uma mãozinha no meio do caos que virou o trânsito da cidade. Se tem alguém tentando melhorar a mobilidade, tá se escondendo bem.
Toda obra em Canela — absolutamente TODA — vira um transtorno na vida do canelense. E, como num ciclo eterno, ano após ano, a rotina vira uma mistura de desabafo, indignação e aquele velho sentimento de que estamos correndo atrás do próprio rabo.
Quer um exemplo? Nos últimos três anos, perdemos as contas de quantas vezes ruas importantes foram fechadas: por obras da CORSAN, da RGE, por operações tapa-buracos, pintura de meio-fio, alinhamento de chakras… Enfim. E o que melhorou, afinal? Spoiler: nada. As ruas continuam esburacadas, a CORSAN presta um serviço sofrível, e a RGE cobra como se entregasse ouro em pó — e ainda falta luz quando chove ou venta.
A gente reclama de barriga cheia? Que nada! A gente paga caro — e caro pra caramba — por serviços ruins. E quando resolve reclamar, ainda tem gente que faz piada. Hoje mesmo, no Facebook, o diretor de departamento e ex-vereador Carlão defendeu a equipe da EGR que estava sendo xingada por motoristas na entrada da cidade. Disse que o prefeito está buscando recursos pra melhorar Canela e que o “ônus” disso é deixar a cidade parada.
Concordo com o Carlão: falta de educação não tem desculpa, seja lá o que estiver acontecendo. Ninguém precisa xingar trabalhador que tá ali cumprindo o seu papel. E fico feliz que o Gilberto esteja correndo atrás de recursos — é um baita ponto positivo. Mas também é preciso reconhecer que a população está no limite. E quando a paciência acaba, o grito vem.
Então, que tal buscar alternativas reais pra semanas como essa? Aliás, a Tenente Manoel Correia já foi trancada mil vezes pra “obras”. E como ela está hoje? Uma vergonha. Amanhã começa a Festa Colonial — evento que, diga-se, promete bombar e movimentar o inverno da cidade. Que os fiscais apareçam, ajudem a organizar o fluxo, punam quem abusa dos estacionamentos rotativos, mas principalmente: estejam presentes. O que a comunidade quer não é milagre, é presença. É isso. Só isso.