Canela,

30 de abril de 2024

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Prefeitura já atua na questão da possível contaminação da água

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Na manhã desta quinta (31), a reportagem da Folha de Canela conversou com o atual secretário de Governança de Canela, Paulo Nestor Tomasini, que até o início de janeiro era o responsável pela Secretaria de Meio Ambiente.
Tomasini afirmou que, nos últimos dois anos, a Prefeitura tem feito uma forte cobrança à Corsan quanto à questão do esgoto cloacal. “Nós notificamos, autuamos e multamos a Corsan, mais de uma vez”, afirmou.
Por outro lado, no que diz respeito aos indícios de contaminação da água do Rio Santa Cruz por agrotóxicos, Tomasini é enfático: “nós da Prefeitura de Canela fomos os primeiros a ir a campo para averiguar estas denúncias e fomos os primeiros a levar este assunto em órgãos como o Comitê Caí”.

Equipamento aplicando agrotóxico em lavoura com menos de 800 metros de distância do Rio Santa Cruz

A denúncia
Segundo Amilcar Mielniczuk de Moura, Engenheiro Agrônomo da Prefeitura de Canela e representante do Município no Comitê Caí, em nossas casas, supostamente, estamos recebendo água contaminada por agrotóxicos oriundos destas plantações no entorno das barragens do “Sistema Salto”, pois esses agrotóxicos não são removidos pelo tratamento na Estação de Tratamento de Água da Corsan de Canela.
O fato é que as chuvas carregam os agrotóxicos para as drenagens naturais e arroios que deságuam nas barragens, sendo conduzidos para o Rio Santa Cruz, onde se dá a captação de água da para abastecimento de Canela e Gramado, no Poço da Faca. A Corsan faz análises simples, de rotina, ficando em aberto a análise dos atuais agrotóxicos, principalmente organofosforados e carbamatos, além dos herbicidas, inseticidas de solo, fungicidas, inseticidas e secantes utilizados na produção de batatas”.

Lavoura de batatas às margens da Barragem dos Blang, em vermelho, córregos de água que levam o agrotóxico ao Rio Santa Cruz

A posição da Prefeitura
No Comitê Caí, a proposta de Canela é organizar um grupo de estudos para PSA – Pagamento por Serviços Ambientais, como forma de apoiar os agricultores nessa nova forma de repensar o uso do solo e da água.
Para tanto, o comitê propõe a criação de um Plano de Manejo da Bacia Hidrográfica do Rio Santa Cruz, onde serão convidados os promotores de Canela, Gramado e São Francisco de Paula e suas Prefeituras a criar uma estratégia de abordagem da questão nos municípios, de forma a proibir uso de agrotóxicos na bacia hidrográfica de captação, envolvendo uma área equivalente aos territórios de Canela, Gramado e São Chico, onde a agricultura, a pecuária e a silvicultura deverão optar por alternativas mais sustentáveis de uso do solo.
A agricultura orgânica, que mais cresce no mercado mundial, poderá ser incentivada, com apoio da Emater, sindicatos rurais, secretarias municipais de meio ambiente e de agricultura, abrindo-se um nicho de mercado inédito no Estado, como forma de proteger a água que abastece as cidades, sem proibir uso sustentável do solo”, finaliza Amilcar.

O risco é grande
Em 2003, atendendo denúncia de morte de peixes na Barragem dos Blangue, foi observada uma grande mortandade de peixes e a Corsan coletou amostras de água, porém, posteriormente soube-se que a empresa só fazia análises de rotina quanto a agrotóxicos e somente DDT era usual investigar, não sendo possível aproveitar as análises, pois o DDT já estava banido há mais de 30 anos e a rotina da empresa não havia se atualizado, não sendo possível saber quais os agrotóxicos supostamente provocaram a morte de tantos peixes.

Foto: Reprodução