Pagamentos garantiam informações privilegiadas, favores ilegais e execução de reformas e construções para a organização criminosa
A Polícia Civil aponta o vereador e presidente da Câmara de Vereadores de Canela, Alberi Galvani Dias (MDB), como um dos principais articuladores do esquema de corrupção descoberto na Prefeitura de Canela.
Dono de um currículo que acumula ideias como borrifar “álcool gel líquido” na cidade com um avião e criar um pesque pague no Parque do Lago, Dias agora se notabiliza por comandar um dos núcleos que ceifam os cofres públicos, conforme o Inquérito Policial.
Ao decretar a segunda prisão de Alberi, nesta terça (28), Vancarlo Anacleto, Juiz da 1ª Vara Criminal de Canela, cita trechos do relatório de investigação, o qual diz que, “com seu amplo conhecimento do procedimento e acesso facilitado aos trâmites públicos em razão do cargo que ocupava, Alberi participa de praticamente tudo que há em termos de construções, reformas e ampliações de engenharia civil junto à Prefeitura Municipal de Canela, sempre sendo o elo entre o Executivo Municipal e as ‘empresas’ vencedoras nos certames para a prestação do serviço, seja para contratos de pequeno ou grandes valores pagos pelo erário”.
Ainda, as investigações revelam que Dias estaria envolvido em crimes vinculados ao 34º Sonho de Natal de Canela, com participação da Secretaria Municipal de Turismo e Cultura de Canela, junto ao “Teatrão” e Catedral de Pedra, tendo acesso à “planilha detalhada de produção técnica”. O documento, que é digitado e impresso, possui anotações sobre valores à mão, com o uso de caneta, o que indica que, tendo acesso ao documento tinha ainda comando sobre custos, gastos e, por consequência e ilegalmente, orçamentos e contratos.
Contabilidade do crime e mesada
Alberi seria responsável também pela distribuição dos valores – de origem pública – a particulares (pagamentos), sendo citados nomes e valores correspondentes em tabelas com colunas lado a lado, onde incluído o nome do investigado Ademir Claudiomiro Colombo Da Silva, vulgo “Junta”, seu contato direto e responsável pela operação das ações criminosas junto às obras que a organização vencia. Junta foi preso na semana passada após ameaçar testemunhas.
Como parte da contabilidade, Dias pagava mensalmente, uma mesada a Denis Roberto De Oliveira De Souza, então diretor da Secretaria Municipal de Obras, como uma contrapartida permanente para continuar com o fluxo de informações privilegiadas recebidas, favores ilegais e execução de reformas e construções para a organização criminosa. Os valores apurados na “contabilidade” pessoal do investigado são, em absoluto, incompatíveis com os vencimentos que percebe mensalmente, seja na Câmara de Vereadores de Canela ou no escritório de contabilidade em que trabalha, segundo a Polícia Civil.
Além disso, Alberi mantém laranjas para acobertar patrimônio e valores, “movimentando vultosas quantias não declaradas (sonegadas) e em nome de interpostas pessoas, fato que veio à tona durante o curso das investigações policiais, inclusive com a apreensão de anotações, documentos bancários e outros afins”, disse o inquérito policial.