Canela,

4 de julho de 2024

Anuncie

Operação Cáritas: o que ainda está por vir

Compartilhe:

Delegado Vladimir e o delegado regional Heliomar Franco, quando deflagrada a 3ª fase da Operação - Foto: Francisco Rocha

Novos indiciamentos e denúncias à Justiça são esperadas para as próximas semanas

Conforme a própria Polícia Civil divulgou, em 28 de janeiro, quando remetidos ao Poder Judiciário os primeiros indiciamentos, o inquérito inicial deu origem a outros mais de dez inquéritos policiais, por núcleos, tendo em vista a complexidade dos crimes e pela grande quantidade de fatos e pessoas investigadas.

A conclusão das investigações aguardavam o cumprimento de quebras de sigilos fiscais, bancários e financeiros de diversos investigados, os quais não dependiam da Polícia Civil e sim das instituições que foram acionadas, dentro do processo judicial, um dos motivos para a demora da conclusão do inquérito principal.

Nas últimas semanas, estes documentos têm chegado à Delegacia de Polícia de Canela. Conforme o delegado e responsável pela operação, Vladimir Medeiros, “a operação está na fase de conclusão da análise de objetos e documentos obtidos através de mandato judicial durante a 3ª fase, em 8 de novembro, sobretudo ao que diz respeito às quebras de sigilo”.

Ainda, conforme o delegado, “a análise da documentação tem reforçado todos os fatos que inicialmente haviam sido apontados pela investigação, confirmando vínculos, reforçando responsabilidades e robustecendo o que já havia sido apurado”.

É justamente esta análise de documentos que vai possibilitar o indiciamento de outros investigados, que figuraram, até o momento, apenas como suspeitos, na Operação. Ainda conforme Medeiros, este trabalho está adiantado e o relatório final da investigação deve ser remetido ao Poder Judiciário nas próximas semanas.

“Não podemos adiantar, mas consideramos que o que a Polícia Civil de Canela realizou durante as investigações representa excelentes resultados para a comunidade. Deixo aqui todo meu reconhecimento ao trabalho dos policiais civis que se dedicam incansavelmente ao caso há um ano”, finalizou o delegado.

Crime eleitoral e compra de voto

A Polícia Civil de Canela indiciou dois investigados pela prática de compra de voto. A investigação policial apurou que o vereador Alberi Dias, na semana das eleições municipais para as quais concorria à reeleição, solicitou ao diretor de Obras, Denis Roberto de Oliveira de Souza, para que passasse a máquina em uma via não pavimentada no interior do Município.

No diálogo entre o vereador e o servidor público, ficava claro que deveriam usar as máquinas da Prefeitura Municipal antes das eleições porque ali seria “fecho de votos”, referindo-se aos eleitores que votariam no candidato por causa do serviço.

O pedido do vereador ocorreu na quarta-feira anterior às eleições, tendo o serviço sido efetivado pelos funcionários na sexta-feira. A eleição ocorreu no domingo, poucas horas depois do conserto da via. O vereador foi eleito no domingo.

Ambos foram indiciados pela Polícia Civil de Canela pela prática do uso de máquina da Prefeitura Municipal para fins particulares e com a intenção de obter votos dos moradores daquela localidade.

O processo judicial está sob análise do Ministério Público, que pode apresentar denúncia à Justiça.

Reprodução de parte do relatório de investigação remetido ao Judiciário

Organização criminosa elavagem de dinheiro
A Polícia Civil não revelou, também, quais outros inquéritos policiais ainda estão em andamento, mas destacou que um deles é de competência de Vara especializada no Foro Central de Porto Alegre por tratar de matéria relacionada a organização criminosa e lavagem de dinheiro.

Neste inquérito policial são mais de vinte pessoas investigadas. Chama atenção que, até o momento, situações ligadas ao Parque SkyGlass, ao Hospital de Caridade de Canela (que dá nome à Operação) e ao instituto que administrava a casa de saúde na época, não chegaram aos indiciamentos, o que pode ocorrer, também nas próximas semanas, com a análise das quebras de sigilo.

Endereço apontado como sede do instituto que administrava o Hospital de Canela, em Porto Alegre, onde funciona um escritório de contabilidade – Fotos: Reprodução