Canela,

3 de julho de 2024

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Leo de Abreu

VIRE O MATE

Leo de Abreu

VIRE O MATE • “Quidele” as pilchas? #002

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Agora o vinte de setembro já passou e, portanto, semana farroupilha somente para o outro ano. Esta semana que segue, é marcada pela função de: devolve a bombacha, o vestido… guarda naquele cantinho mais para o fundinho do armário as roupas dessa “fase” que agora só ano que vem. Errado não é, de forma alguma. Que bonito se fosse tão mais comum ver gente nova pilchada por aí. Uma bombacha larga, boinas e chapéus, uma estampa pampa em algum detalhe… seria algo muy rico. Mas, que sorte a nossa que a tradição do nosso estado não é o culto a vestimentas, né? Veja bem, quantas dessas vestimentas que incorporamos ao nosso “gauchês” são mais recentes do que se imagina. Temos o MTG, com suas severas regras nos ditando estilos, comportamentos e tantas coisas para nos enquadrarmos tradicionalistas. Agora, pra quem não tem tanta familiaridade com essa parte da tradição, eu conto uma coisa: essa gente que se pilcha o ano todo e faz piada dos gauchinhos de setembro, passam brigando também pra saber quem é mais daqui que o outro, pela forma como se veste, que loucura é! Vejam bem, isso divide e não soma! Se estuda o nosso povo e quem somos em períodos datados de mais de 200 anos. Quem quiser o arco e flecha e uma boleadeira e se dizer pilchado que então que seja. A evolução da vestimenta para a nossa cultura ela passa por momentos delicadíssimos que mereceu total atenção de entidades para controlar, não destoar tanto da essência, mas hoje, ela pode e DEVE ser mais aberta para quem quiser ter um pouco da tradição no seu dia a dia. Deixar que nossa indumentária se mescle ao uso comum do dia a dia fora do campo. E claro, há lugares, ocasiões em que se deve estar a risca com a fatiota… mas cada coisa tem seu lugar e fica pra consciência de cada um. Este é um texto que fala sobre as pilchas, por hora, mas porque são as pilchas o que mais evidenciam a questão de se chega setembro e se vai setembro. Bueno, uma situação que ilustra essa divisão e não soma, é a que recentemente aconteceu nos bastidores dos festivais nativistas entre grandes nomes da nossa música e poesia, onde aqueles mais populares em tempos passados começaram a perder espaço para os chegados e intitulados “de boina”, devido ao tamanho da aba. Vão dizer que isso não é do gaúcho, isso não é tradição… vejo gente que vive do campo com uma boina larga na cabeça mas não pode daí? Quem é do campo e quem é campeiro? E o pior dos piores, pra quem é da cidade, sobra o que? Que coisa bem séria! Ouvi este ano do Edson Dutra, um gigante da nossa arte e história que “a tradição não contempla o modismo, mas contempla a evolução”.  Acho que isso é tudo.


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