Canela,

22 de dezembro de 2024

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Leo de Abreu

VIRE O MATE

Leo de Abreu

VIRE O MATE – Nunca muda!

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Tem coisas que parecem que nasceram pra durar. Existem assuntos que parecem que nunca vão ter fim. Por vezes, discutir e discutir, parece um cusco que arrodea na volta de si mesmo atrás do rabo. Isso pra muito assunto nessa vida. Pra falar do nosso estado não é diferente, nem meio pouco!

Confesso uma desatenção nos últimos dias que me fizeram estar ausente deste importante espaço no Folha. E no pensar, de tantos temas novos que poderia trazer aqui (e ainda trarei) eis que ressurge em evidencia um artista que personifica o gaúcho “xucro e tradicional” na sua mais pura essência. O tal Baitaca.

Eu já havia escrito sobre ele há pouquíssimos dias, agora falando nele de novo parece que fazem horas que enviei minha coluna falando sobre a música Fundo da Grota (espia no Portal da Folha, tem a coluna de todas as últimas semanas disponíveis lá. Tanto as minhas como a dos outros colunistas…) Enfim. Volto eu chover no molhado pra comentar sobre o tal assucedido.

Baitaca afirmou em um vídeo reproduzido por importantes páginas das redes sociais, que a flexibilização da cultura dentro dos CTG’s não só é necessária como também já acontece e muito o movimento tradicionalista deve aqueles que “inventaram” moda neste meio. Ele afirma que trancar o pé nas vestes e estilos afasta muita gente que poderia estar agregando em qualidade e número de gente dentro das sedes campeiras. Claro, há limite… não ficaram muito claros os que ele compactua, mas na declaração ao meu entender foi isso que disse.

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Ora ora, ele não reinventou a roda. Ele não redescobriu o fogo. Ele disse o que é e como ele vê. Se isso retrata a verdade dele enquanto artista, quem poderia dizer se não ele mesmo? Não será o primeiro nem o último. Hoje tem muita força e isso é uma oportunidade mas também obviamente um perigo! Tenho a consciência de que tudo aquilo que eu escrevo, da mesma maneira de qualquer outro, retratam minhas ideias e opiniões. Mas sabem o que também levo em conta? O que eu me preocupo em ser. Hoje sou pouquinho, bem bem pequeno… mas se eu tivesse a dimensão e força pra fazer minha voz ser ouvida num país inteiro onde o sulista é quase um estrangeiro cultural no seu próprio lar, pouco provável que eu iria de contra aquilo que canto e componho… o que me fez ter a voz de ser ouvido. Mas né…

Não se pode ser indomavelmente domado. Comer feijão mexido com graxa e sem sal e de acompanhamento um café de máquina italiana no mesmo galpão. Essa conta não fecha.

Sugiro, de todo meu coração, que quando ouvirem o assunto de gaúchos e gauchismos, que saibamos ligar o filtro de ser e fazer. Ser em admitir a identidade que temos e a nossa relação interpessoal com a fração de cultura que temos convívio. E o fazer, no sentido de consciência de que aquilo que tomamos partido em reproduzir, também pode ser tradição, se houver quem se inspire em fazer parecido. Antigo ditado do “macaco vê, macaco faz” quando alguém copiava algo de alguém por ver, lembram também?

Vamos deixar o Rio Grande ser Rio Grande, cuidem muito as conversas fiadas. São tempos voláteis de mestres a la minuta. Arbaa!