Canela,

28 de junho de 2024

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Mais de 2,4 milhões em perdas na produção agropecuária de Canela

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Análise de impacto foi feito pelo Escritório Municipal da Emater

A Prefeitura Municipal de Canela recebeu relatório do Escritório Municipal da EMATER/RS-ASCAR sobre os impactos da enxurrada/enchente no município.

As chuvas intensas entre 26 de abril e 3 de maio de 2024 causaram grandes prejuízos à produção agropecuária de Canela. Durante esse período, a região enfrentou precipitações extremas de 503,4 mm, mais que o triplo do volume normal para a época. Depois, uma pequena trégua e as chuvas voltaram, com mais 326,6 mm, perfazendo 830 mm no período de 26 de abril a 16 de maio. (Dados INMET). Este cenário resultou em deslizamentos de terra, isolamento de comunidades e danos severos à infraestrutura e às atividades econômicas locais.

O Escritório Municipal da EMATER/RS conduziu uma análise detalhada dos impactos utilizando dados obtidos em inúmeras visitas a propriedades rurais e outros fornecidos pela Secretaria Municipal de Obras, Serviços Urbanos e Agricultura, pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais, dentre outros. As informações foram complementadas por dados do IBGE e INMET, além de medições empíricas realizadas por comunidades locais.

Principais Perdas na Agropecuária

1. Produção de Grãos e Hortaliças:

– Milho: Em 195 hectares plantados, grãos maduros apodreceram devido ao excesso de umidade, lavouras foram arrastadas e também houve acamamento de lavouras, inviabilizando a colheita mecanizada e favorecendo o apodrecimento. Destes 195, 60 hectares sofreram impacto direto, pois uma parte já havia sido colhida antes do evento.
– Na olericultura, houve perdas de lavouras inteiras por conta da intensidade das chuvas. Hortaliças hidropônicas também sucumbiram pela falta de luz e necessidade de partilhar geradores de energia em atividades de maior necessidade. Estufas com morango tiveram produção reduzida por conta da excessiva umidade e falta de luminosidade.
– Feijão, Aipim, Frutas Cítricas e Maçã: Áreas também foram severamente afetadas, comprometendo a colheita atual e futuras safras.

2. Silvicultura:

– Eucalipto e Pinus eliottis : Cerca de 500 hectares de eucalipto e 4500 hectares de Pinus eliottis sofreram impactos, juntamente com 800 hectares de acácia-negra. Aqui, é muito difícil mensurar as perdas, pois há inúmeros deslizamentos em muitos cultivos, comprometendo a colheita e a qualidade da madeira ou da lenha a obter.

3. Pecuária:
– Bovinos de Corte: Animais perderam peso devido à dificuldade de acesso a áreas de alimentação.
– Aves: Houve retardo na reentrada de 52.500 frangos em um aviário por falta de acesso. Também considera-se perda de peso em outros 50.000 frangos por conta de inanição, motivada pela falta de acesso dos caminhões com ração às unidades produtoras.

Danos à Infraestrutura e Comunidades

1. Energia Elétrica e Comunicações:

– Cerca de 700 famílias ficaram sem energia elétrica, afetando a conservação de alimentos e o funcionamento de equipamentos médicos essenciais.
– A falta de energia elétrica e comunicações também causou prejuízos, principalmente a algumas agroindústrias que dependem da conservação de matéria-prima ou produto pronto em suas instalações, além de impedir o processamento e o escoamento dos produtos.

2. Deslizamentos de Terra:

– Deslizamentos severos afetaram estradas que ligam várias comunidades, incluindo São João, Morro Calçado, Bugres e na Linha Rancho Grande, onde um casal perdeu a vida e sua residência foi destruída. Praticamente todas as comunidades tiveram deslizamentos de diversos tamanhos. Rachaduras em terrenos são constatadas em diversas localidades.
– Instalações de pelo menos duas agroindústrias foram danificadas e uma, destruída completamente.

3. Abastecimento de Água:
– Interrupções no fornecimento de água potável nas comunidades de Bugres, Rancho Grande, Morro Calçado e São João.

O estudo da EMATER aponta que as perdas na agropecuária local somam aproximadamente 2,4 milhões de reais. “Os prejuízos ainda estão sendo contabilizados, uma vez que os efeitos das chuvas intensas persistem. Dada a magnitude do evento, algumas perdas ainda poderão evoluir, principalmente por causa da instabilidade do terreno em algumas áreas”, afirmou Meneguzzo. “A dificuldade de acesso e as restrições de circulação também dificultaram muito a obtenção dos dados, mas já temos uma ideia do que tivemos quanto à produção agropecuária”, finaliza.

As autoridades locais continuam a monitorar a situação e buscar soluções para mitigar os danos causados pelas chuvas, garantindo apoio às comunidades afetadas e buscando recuperar a produção agropecuária de Canela.