Canela,

28 de março de 2024

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Os contrates de uma cidade que não cuida de suas águas

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Na primeira reportagem, a reportagem da Folha mostrou quais são as nascentes do Arroio Caracol, que forma a cascata com o mesmo nome, um dos pontos turísticos mais conhecidos e admirados da região Sul.
Nossa equipe de reportagem visitou diversos pontos da cidade, onde estão as nascentes e afluentes do Arroio Caracol, e teve acesso a um relatório sobre a qualidade das águas da cidade, realizado pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente no final do ano passado. A coleta das águas para análises aconteceu entre agosto e setembro de 2014.
O resultado desta análise traz boas e más notícias. A melhor delas é que apesar de o Arroio Caracol receber esgoto das cidades de Canela e Gramado ele se enquadra, na barragem dentro do Parque do Caracol, em classe 3. Isso significa que ao longo de seu curso ele mesmo acaba por despoluir suas águas, além de algumas pequenas contribuições de afluentes de águas de melhor qualidade.
A notícia ruim é que praticamente todos os arroios que passam pela zona urbana estão extremamente poluídos, apresentando índices até 500% maiores do que Classe 4, pior classificação de águas da tabela do Conama – Conselho Nacional do Meio Ambiente.

Classes das águas

Classe especial – águas que podem ser destinadas:
Ao abastecimento para consumo humano, com desinfecção; à preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas; à preservação dos ambientes aquáticos em unidades de conservação;
Classe 1 – águas que podem ser destinadas:
Ao abastecimento para consumo humano, após tratamento simplificado; à proteção das comunidades aquáticas; à recreação de contato primário, tais como natação, esqui aquático e mergulho; à irrigação de frutas e hortaliças consumidas cruas sem remoção de película; à proteção das comunidades aquáticas em Terras Indígenas;
Classe 2 – águas que podem ser destinadas:
Ao abastecimento para consumo humano, após tratamento convencional; à proteção das comunidades aquáticas; à recreação de contato primário, tais como natação, esqui aquático e mergulho; à irrigação de hortaliças, plantas frutíferas e de parques, jardins, campos de esporte e lazer, com os quais o público possa vir a ter contato direto; à aqüicultura e à atividade de pesca.
Classe 3 – águas que podem ser destinadas:
Ao consumo humano após tratamento convencional ou avançado; à irrigação de culturas arbóreas, cerealíferas e forrageiras; à pesca amadora; à recreação de contato secundário; à dessedentação de animais.
Classe 4 – águas que podem ser destinadas:
À navegação e à harmonia paisagística.

Curiosidades:

1 – Preocupante: na foz da barragem da celulose, que costeia a Vila Suzana, a classificação é classe 4. Curiosamente, metros abaixo, após receber as águas da Estação de Tratamento de Esgoto da Corsan, o Arroio Santa Terezinha apresenta poluição 500% maior.
2 – Antes da barragem o Arroio Santa Terezinha apresenta poluição de + 500% além do classe 4. Após a barragem, volta a nível 4, sinal de que a represa limpa a água.
3 – Mesmo com toda a poluição recebida do Carniel, em Gramado, e do Arroio São José, o Pulador, na ponte da Estrada do Caracol, apresenta águas nível 3.
4 – Dentro do Distrito Industrial, um dos afluentes do Arroio Tiririca apresenta águas muito poluídas, já em classe 4. De onde vem o esgoto?