Canela,

3 de julho de 2024

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Leo de Abreu

VIRE O MATE

Leo de Abreu

VIRE O MATE – Porta aberta! 

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Em todo lugar deste nosso baita estado, e até mesmo nos vizinhos aqui do sul, encontrar a tradição gaucha (sim, sem acento) não é nada difícil. Se olhar pro lado se vê um estabelecimento “do gaúcho”, uma churrascaria com um garçom perto de estar pilchado e assim por diante… Tudo em referência a cultura deste sul de mundo, da identidade Rio Grandense, Argentina e Uruguaia. Se, um cidadão forasteiro vier aqui se achegar campeando conhecer nossas origens, um pouquinho vai achar, fácil fácil.
Agora, quem queira vir conhecer o verdadeiro gaúcho, esse vai ter um trabalho tremendo! Não são poucas os cartões de visita que pode um visitante receber em sua chegada, mas o churrasco, o chimarrão e outros tão procurados símbolos campeiros são de uma construção extremamente democrática e ninguém detém a fórmula sagrada do santo graal pra se dizer dono do jeito verdadeiro de conduzir os processos. Esse é um ponto. Uma volteda, um rodeio pra lembrar que há uma cultura de muitas portas para se entrar, mesmo que de visitinha só.
Agora vamos sair do mate e do assado, e vamos para algo do nativo daqui como individuo: gaúcho é um pecuarista, que divide a fachada do semblante entre carrancudo e hospitaleiro… Nada mais lendário que esse estereótipo. Há graça, em muitos daqui mesmo, do lado de cá da coisa, defenderem com unhas e dentes essa imagem, e tá errado! Não pode!
Pra quem vem de fora, vai sobrar o que? Aí mora uma questão muito em evidência, em especial na nossa região tão turística e afastada um tanto dos antigos galpões. Quem vem, procura a parte que se agrada conhecer, e dali leva sua história para contar. Não tem sido mais o povo daqui contando como somos, e sim, somos como um folhetim aberto ao sumo da leitura de seu apreciador.
A exemplo do acesso a cultura por visitação, eu já escrevi aqui a poucas semanas… nossos CTG’s pelo estado todo não tem visitação sempre não hein, fica a reponsabilidade autônoma de cada empreendedor dono do seu negócio e como critério tão somente o que lhe couber interesse. Nossa música, ainda é associada a Gaúcho da Fronteira, algo do Teixeirinha e recentemente a composição “Do fundo da grota” do Baitaca (isso dá um tremendo assunto… deixa pra semana que vem) porque são estes que conseguiram subir o Brasil, mas o tempo tem passado como há muito já passou e nossa representação é com essa base.
São pouquíssimas armas pra se pelear, e olha que a nossa terra natal é ricaça de munição! Com muita opção, e pouco repertório, assistimos passivamente nossa história sendo contada cada vez de forma mais vaga.
Um baita consolo, e que ao mesmo nos deveria acender um positivo alerta é que muita gente de fora tem se arriscado assumir a bronca vendo nossa cultura como potencial de lucro em experiência e história. São cariocas, paulistas, nordestinos… Estão abrindo uma porta, se é reta ou se é torta, ainda sim é uma porta e que em algum lugar dá. O que é algo de muito mais valia do que ser um lugar sem nem saída! Que pensamos sobre!

Imagem: Velha Porteira, de Rui de Paula

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