Canela,

3 de julho de 2024

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Leo de Abreu

VIRE O MATE

Leo de Abreu

VIRE O MATE – Bota pá lascá

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Falar e falar sobre nossa cultura é algo que sai com facilidade, pois como muito já disse aqui, somos uma mina de ouro de históras. Escrever sobre a precariedade de casas gaúchas e pessoas de legado, também é relativamente fácil levando em conta que é uma dura realidade. Agora, vamos trocar a ótica, para o lado meio cheio do copo e não só nos permitir á queixa da metade vazia. Ora “bota pá lasca”, que gaúcho que fala isso?! Ta aí uma expressão não muito daqui. Pois eu conheço um e digo que ele fala. Ele é Paraíba, mas é muito gaúcho.

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Temos na nossa cidade de Canela, uma carismática figura, que surge tal qual um fenômeno das redes sociais e que não podemos simplesmente ignorar a sua existência no meio tradicionalista. Se trata do: Paraíba da Serra Gaúcha. Um garçom de uma churrascaria que vem conquistando seu espaço com um apelo além do gastronômico. Com dezenas de vídeos virais na internet, o Paraíba é um personagem que se mistura à identidade de si mesmo. O que, visto de um olhar conservador, é uma incógnita gigantesca.

Vou resumir, para quem por acaso, ainda não conhece sobre quem falo: Paraíba da Serra Gaúcha, o Sr. Claudivan  Severo. Alguém que vestiu as roupas do gaúcho como um uniforme sem ter muito conhecimento (ao menos, é o que sei) da proporção que sua imagem chegaria nacionalmente. Nesta data que falo ele passa de um milhão de contas em alcance na soma de suas redes sociais. Tá lá, é um “gaúcho” de sucesso.

“Quequi” temos que ver com isso?

Fácil e linda a resposta para essa pergunta. O Paraíba, ele quebra paradigmas que há muito tempo precisam ser revistos na forma em que apresentamos nossa cultura, mas faz isso com um respeito gigantesco e humildade em reconhecer o que não sabe. Ele é uma porta aberta para quem vem de fora. Faz de sua presença com a pilcha o seu lugar de trabalho ser uma casa de tradição como tão poucas existem por aqui. Isso é importantíssimo. Obviamente que suas reboladas, peripécias e palhaçadas muitas vezes extrapolam mesmo limites mais liberais do tal gaúcho, mas é aquele clichê, e quem agrada todo mundo?

Ser o xucro que o tempo forjou, gaúderio pampa a fora, miscigenado do índio a mil culturas, soldado de tantas guerras, homem rural e outras tantas fontes de nossa imagem é uma carga altíssima de informação. Tem quem não tire o tempo de meio mate pra saber sobre nós, forçar algo de assunto tão nobre em quem visita o estado apenas de passagem se torna um fraquíssimo cartão de visitas. Desaforo meu? Devemos ser rasos? Nada disso! Somos o que somos, ter ciência na nossa afirmação como identidade de gaúchos não nos pode fazer temer quem vem de fora para CONTRIBUIR! Só isso.

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Escrever a própria opinião, de onde quer que seja, hoje em dia fizemos de qualquer lugar, no conforto de nosso sossego ou bem onde quisermos. Julgar a tradição do outro, opinião, a verdade alheia… E dar a cara a tapa pela bandeira aqui que é nossa, quem está disposto a encarar isso tudo? “Ain ele usa revorvinho de prástico nas pessoas”… é um personagem, é caricato, uma brincadeira que conquista gostos e desgostos, faz parte! O Rio Grande não merece simplesmente ser como uma ilha isolada do mundo, sejamos gentis e empáticos, pontes precisam ser criadas!