Canela,

18 de maio de 2024

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Leo de Abreu

VIRE O MATE

Leo de Abreu

VIRE O MATE – Que tempos (Léo de Abreu/ Jonatas Roos)

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Há tempos que vejo o campo que eu parava rodeio não ser mais tão meu                         
E brotar de repente a saudade mesclada a vontade de tomar o que outrora foi meu
Ter o campo na alma e a calma serena das manhãs deste sagrado chão
Pra não ser o que hoje existo sendo qual o cisco varrido num galpão

Inverneiras e invernadas campeiras que cruzavam maios até agosto no pasto
Sinfonia da felicidade são rangidos do couro sovados dos bastos
O que toca pro agora é a lembrança de momentos que pertencem a quem também assim
Ter no canto da passarinhada qual um clarim de alvorada, e ser, sem pensar no fim

Que tempos… onde haviam tropas cruzando corredores e lonjuras do pago
Berros na culatra e na ponta com estalos de relhos e assovios compassados
Senhores do mate e da vida sentados a beira do fogo de cuia na mão
Um sul bem maior que o retrato que hoje tantos pintam sem pisar o mesmo chão

Tantos termos delicados de valor para o requinte de baldas povoeiras
Não espelha o barro da bota de quem reponta a pecuária pra adiante das mangueiras
E romanceia um passado que é presente sustentando de longe tantas vaidades
Diferentes do pago que lembro que não havia malicia e era  a lida uma verdade

A maior herança desse torrão é um sentimento repassado a cada um
Nada foge a história e o rio grande transcende a uma essência carregada em comum
Mas sendo esse mundo redondo vem de cima uma força e coopera
Pra de novo bradar forte o grito que disse o índio, “tem dono essa terra”!

A nostalgia muitas vezes nos cega, quando a dficuldade de um tempo e nos fazer rememorar com carinho lembranças pobres carregadinhas de falsos finais felizes, isso é verdade… Mas quanto tempo vamos nos permitir falar que o Rio Grande não é o mesmo, sem olhar a tradição que ainda vive nos galpões estado a fora?

O mesmo “mal” (aquelas novidades que nada somam ou agregam) que surge tenteando nossos costumes, indumentária e músicas… também vem através da caneta de quem escreve sem saber o peso que o escrito tem! A se pensar…

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A quem possa ter se agradado, essa letra foi musicada, gravada pelo Retruco e está disponível em todas principais plataformas de áudio.